Venda de fatia maior da InfraCo para BTG seria estratégia de aceleração da Oi

Foto: Pixabay

A proposta vinculante pela compra de participação da Oi na InfraCo para o BTG Pactual não surpreendeu o mercado, mas um elemento da operação não era esperado: além do montante de R$ 12,9 bilhões, a operação inclui a incorporação da Globenet na InfraCo, elevando assim a participação do fundo de gestão do banco para 57,9%, contra os 51% inicialmente previstos. A Globenet foi vendida pela Oi ao próprio BTG em 2014, e tem na Oi uma de seus principais clientes, o que provavelmente será mantido para a InfraCo.

Fontes de mercado ouvidas por TELETIME nesta segunda-feira, 12, indicam que a Oi procurou negociar mais do que os valores em dinheiro que, ao serem embolsados, ajudarão no caixa da empresa. A ideia da operadora teria sido acelerar o desinvestimento. "O ajuste percentual que vai levar é conforme o tamanho do cheque e a vontade de a Oi fazer o negócio", declarou.

Segundo comentou outra pessoa próxima ao assunto, o valor de R$ 12,9 bilhões não trouxe surpresas, mas a divulgação da quantia já seria no sentido de endereçar angústias do mercado. A avaliação é que seria uma resposta mais rápida diante da possibilidade de o fechamento da venda da Oi Móvel para a Claro, TIM e Vivo por R$ 16,5 bilhões possa levar mais tempo por conta de fatores externos, como o leilão de 5G

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Essa questão envolveria também o empréstimo-ponte (bridge loan) de até R$ 5 bilhões que a Oi pretende fazer para antecipar o recurso da venda da Móvel, que seria usada como garantia. Conforme afirmou esta fonte, a operadora estaria com dificuldades de obter esse empréstimo.

O nível de detalhamento da proposta vinculante do BTG Pactual teria sido melhor do que o apresentado pela Digital Colony no início do processo, mas o valor final também foi maior, embora não tanto assim além do esperado. O entendimento de pessoas próximas ao assunto é que a composição da administração da InfraCo e as regras de governança teriam entrado na discussão com a Oi

Isso é importante porque estabelece quem tomará decisões na InfraCo, como a escolha de fornecedores, como serão os acordos, quem iria trabalhar na manutenção de rede. Pesa também a volta de Amos Genish para o mercado de telecomunicações brasileiro. O ex-presidente da GVT, da Vivo e da Telecom Italia seria o nome escolhido pelo BTG para a presidência do conselho da nova empresa de infraestrutura. "Acho que o BTG não vai parar por aí", declarou fonte do mercado. De fato, a aposta do grupo é de longo prazo, para ser operador, e não um mero investidor, como mostra esta reportagem de TELETIME.

Por enquanto, a Oi só se manifestou por meio do fato relevante divulgado pela manhã da segunda-feira. Mas já está marcada para a terça, 13, uma teleconferência para o mercado para explicar a operação. 

Montante

A negociação pela InfraCo previa pelo menos R$ 6,5 bilhões mais R$ 2,4 bilhões em dívida da Oi por 51% do capital. Na apresentação de resultados financeiros do último trimestre de 2020 na semana passada, a companhia mencionou ainda uma "dívida híbrida" na InfraCo de até R$ 2,5 bilhões e que também estaria em negociação. 

O valor de 51% do capital da companhia de infraestrutura ficou por R$ 9,786 bilhões. Até 90 dias após a data de fechamento da operação, o BTG fará uma "contribuição" por 7,2% do capital da InfraCo em bases totalmente diluídas por R$ 1,618 bilhão. Assim, a companhia ficaria com 54,8%. Considerando a participação adicional mais a incorporação da Globenet, que juntas representariam R$ 3,137 bilhões (e 6,9% a mais no capital social), o valor final ficou em R$ 12,9 bilhões.

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