Rede neutra deve se tornar 'novo normal' em telecom, creem players do segmento

Principais empresas de redes neutras se encontraram na Futurecom

Os principais players do segmento de redes neutras de fibra óptica acreditam que o modelo de compartilhamento tem potencial de se tornar um novo normal na cadeia de telecom, a exemplo do que já ocorreu com outros elementos, como as torres.

Em debate realizado no último dia da Futurecom, V.tal, FiBrasil, IHS e American Tower compartilharam balanços e perspectivas sobre o nicho – que ocupou papel de destaque ao longo do evento, encerrado nesta quinta-feira, 20, em São Paulo.

Atuando no modelo há quatro anos e preparando a entrada nos mercados de São Paulo e Rio de Janeiro (além de Bahia e Goiás a partir de 2023), a American Tower é uma das que aposta nas redes neutras seguindo o mesmo caminho de compartilhamento das torres de telefonia móvel. A empresa vai fechar o ano com um milhão de casas passadas (HPs) com fibra em Minas Gerais

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"No passado, não era tão óbvio que as operadoras podiam deixar de ter as torres. Daqui a dez anos, vamos fazer a mesma reflexão ao lembrar que havia uma rede de fibra para cada operadora", ponderou o diretor de fibra e desenvolvimento de negócios da American Tower, Daniel Laper. O executivo, contudo, rechaçou a hipótese das redes neutras assumirem protagonismo na cadeia, no lugar dos players que atendem o consumidor final na banda larga.

Para a IHS (sócia da TIM na rede neutra I-Systems), é a busca por eficiência que vai motivar o compartilhamento de rede por provedores. Segundo o head para América Latina da IHS, Fares Nassar, a média de casas conectadas (HCs) dentre as casas passadas (HPs) nos players atuais de fibra ronda os 20%, em patamar que seria muito maior no caso de uma rede neutra.

O executivo aponta como 50 Mbps a velocidade de download necessária para sustentar a demanda atual por aplicações na banda larga residencial. Hoje, a I-Systems soma 7 milhões de HPs em 40 cidades, sendo aproximadamente 4 milhões em fibra e 2,9 milhões em cobre (mas com previsão de transformação para tecnologia óptica). Controladora da operação, a IHS tem apetite por aquisições e considera a atuação no estado de São Paulo como um diferencial.

Com a Vivo como sócia, a FiBrasil não atua no estado mais populoso do Brasil. A empresa pretende encerrar o ano com atuação em 150 cidades, passando para 300 até o fim de 2023, segundo o CEO, André Kriger. A meta de 5 milhões de HPs de fibra até o fim do ano também está mantida.

Para Kriger, as redes neutras certamente vieram para ficar, mas primeiro na forma de uma "maratona" que será trilhada pela indústria nos próximos anos. Entre os desafios, o de ser flexível para necessidades comerciais e estratégicas dos parceiros.

Diretor de marketing da V.tal, Rafael Marquez também citou a confiança dos provedores regionais como elemento essencial. "Eles que foram desbravadores no rincões e fizeram muita coisa acontecer", apontou o executivo da operadora, controlada pelo BTG Pactual e fruto de spin-off da rede óptica da Oi.

Na Futurecom, a maior empresa de rede neutra do País apontou parcial de 18 milhões de HPs com fibra, além de projeção de 20 milhões até o fim do ano (veja uma comparação da malha com a da FiBrasil feita por TELETIME em agosto). Para o CEO da V.tal, Amos Genish, o modelo de redes neutras já foi totalmente compreendido pelo setor.

Razões

Diretora de estratégia e execução da Nokia na América Latina, Andrea Varela notou durante a Futurecom que três dos quatro players de redes neutras presentes no debate passaram a existir há pouco tempo, o que denota as mudanças em andamento.

Contudo, foram diferentes os caminhos que levaram a indústria para esse caminho, avalia a executiva. "O primeiro é o grande desafio do balanço das operadoras de forma geral. Elas têm que investir fortemente em 5G e fibra, dois investimentos massivos, mas com retorno sobre capital investido o tempo todo questionado e não crescente".

Neste cenário, o spin-off das redes permitiria uma valorização bastante atraente para ativos como a fibra segregada: enquanto as teles tradicionais seriam avaliadas em múltiplos de cinco a sete vezes o Ebitda, as empresas de infraestrutura poderiam alcançar múltiplos de 15 a 19 vezes, segundo Varela.

O segundo motor seria a disponibilidade de capital de private equity em busca de ativos do gênero, o que também inclui torres e data center. "Este ano eles foram um pouco mais criteriosos, mas ainda assim os fundos de private equity estão muito capitalizados". O atendimento de compromissos como os associados ao leilão do 5G seria outro incentivo, com o modelo compartilhando pulverizando a necessidade de investimentos.

"Serão menos empresas, mas atendendo o mercado de maneira mais eficiente", finalizou Varela, da Nokia. Diante do cenário, a fornecedora não teme que a consolidação de redes resulte em vendas menores no futuro. "Vai ser viável atender casos que ainda não são viáveis hoje", apostou a executiva.

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