A FiBrasil concluiu um ambicioso projeto de arquitetura e implementação de sistemas para facilitar a integração de provedores de banda larga à sua infraestrutura. A iniciativa teve início antes mesmo da estreia da empresa de redes neutras no mercado (em julho de 2021) e contou com a Accenture e o Open Labs como parceiros de integração e fornecimento de sistemas de suporte, respectivamente.
Diretor de TI da FiBrasil, Alessandro Gentil relatou ao TELETIME que o projeto foi bastante desafiador, visto que os sistemas da operadora (fruto de joint-venture entre a Telefónica e o fundo canadense CDPQ) foram construídos do zero. Por outro lado, o caráter greenfield do projeto também permitiu que a adoção de APIs padronizadas fosse utilizada na rede desde o início.
"As APIs são chave para o modelo de negócio que queremos oferecer", esclareceu Gentil, indicando menores time-to-market para conexão de provedores à rede neutra e custos operacionais a partir da padronização das interfaces de programação (baseadas nos releases da TM Forum). "Há um ganho para os tenants [inquilinos], que além de não terem de investir em infraestrutura, também não precisam investir em sistemas caros", prosseguiu o diretor da FiBrasil. A leitura é que sem a oferta do recurso, o investimento em plataformas teria que ocorrer a partir dos próprios contratantes, dificultando a adoção do modelo neutro no País.
Entre os processos viabilizados pelas APIs padronizadas da FiBrasil estão análises de disponibilidade da fibra óptica em endereços, reservas de HPs, alterações de velocidades, de ofertas e desconexões, entre outros. Hoje, a empresa conta tanto com portal do desenvolvedor para início da ativação de novos clientes quanto com possibilidade de integração de sistemas – considerada o caminho ideal – junto a operações mais complexas.
Gentil recorda que o caráter 100% cloud da operação da FiBrasil – que não conta com data centers próprios nem escritório fixo – colabora com a proposta de personalização e elasticidade das ofertas aos provedores. "A ativação de pontos de fibra, a execução de mudança solicitada por clientes, o acompanhamento do técnico em reparos, tudo isso funciona em cima de sistemas em nuvem", apontou o diretor de TI. A parceira de cloud da FiBrasil é a Azure, da Microsoft.
Parceiros
"A partir do momento que houver APIs parecidas ou iguais, vai facilitar muito para todos os clientes, que não vão precisar se adaptar mesmo se quiserem parceiros diferentes", apontou o managing director da Accenture para a indústria de comunicação e mídia da Accenture, André Oguiwara, também em conversa com TELETIME. O profissional também destacou o aspecto de segurança e de segregação de informações confidenciais entre diferentes usuários da rede neutra, viabilizado ao longo da parceria.
"A importância deste projeto é enorme", prosseguiu o diretor comercial e de marketing da Open Labs, Sergio Penna. "É um novo modelo de negócios e de empresas que estão surgindo a partir das redes neutras. Os sistemas têm que permitir que essa operação seja automatizada e tenha baixo custo operacional, sendo viável para [inquilinos] pequenos ou grandes". Assim como a Accenture, a Open Labs deve seguir como parceira estratégica de longo prazo da FiBrasil, realizando ajustes necessários nos sistemas implementados ao lado da rede neutra.