Starlink: qual o real tamanho e como está a operação no Brasil

Antena da Starlink. Foto: Divulgação/Starlink

Operadora de satélites de baixa órbita (LEO) do empresário Elon Musk, a Starlink comemorou há uma semana a marca de 50 mil clientes no Brasil. O número é relevante no mercado nacional de banda larga via satélite, mas também difere do montante reportado oficialmente pela empresa à Anatel.

No banco de dados da agência reguladora, a Starlink respondia por 26,6 mil acessos de banda larga até o mês de abril, sobretudo no Amazonas (4,5 mil), em São Paulo (3,6 mil) e em Minas Gerais (3 mil). A base oficial foi construída ao longo de 15 meses, visto o início das operações da empresa no País em fevereiro de 2022.

Como a empresa apontou 50 mil clientes em post no Twitter na semana passada (veja abaixo), uma das hipóteses aventadas por fontes de mercado é que o montante também considere a lista de espera pelo serviço, onde interessados têm pedidos feitos, mas ainda não instalados. A Starlink é obrigada a registrar cada estação vendida no Brasil no mês subsequente à instalação.

Notícias relacionadas

E há um outro aspecto importante a ser notado na operação da Starlink: apesar de não ter nenhuma estrutura dedicada ao mercado residencial no Brasil, a empresa já começa a apresentar, aparentemente, saturação da capacidade em alguns pontos. Pelo site da empresa é possível notar que o serviço está com fila de espera em alguns polígonos de cobertura, notadamente sobre Manaus, Jutaí, Tefé, Tabatinga (todas cidades no Amazonas) e, curiosamente, na cidade de São Paulo. Nas regiões adjacentes a estas cidades não há nenhuma restrição, o que é indicativo de saturação dos feixes de cobertura nestas localidades.

De qualquer forma, a evolução da base da empresa de baixa órbita em 15 meses pode ser comparada com a dinâmica de outros players do segmento. No Brasil, a banda larga via satélite é um mercado de pouco mais de 300 mil assinantes, no qual a Starlink ainda tem market share oficial abaixo dos 10%.

A líder na vertical de acessos residenciais é a Hughes – com mais de 60% de participação e cerca de 196 mil assinantes reportados à Anatel em abril (sendo 137 mil deles para pessoas físicas). A empresa começou a oferecer banda larga via satélite ao mercado residencial em julho de 2016, quando já somava base de 16 mil assinantes oriundos do segmento corporativo. Depois de 15 meses – ou em setembro de 2017 -, o montante total de assinantes passou para 32,7 mil.

Nos anos seguintes a empresa registrou importante crescimento e, com ajuda de fatores como a integração da Yahsat, bateu pico de 288 mil clientes de banda larga em outubro de 2020. Desde então, a base da Hughes parou de crescer e tem atravessado retração, até os 196 mil assinantes reportados em abril deste ano. A explicação é o fato de o satélite ter atingido o limite da capacidade. Agora, a Hughes depende do lançamento do satélite Jupiter 3, que deve estar operacional no final do ano.

Outra importante competidora da banda larga via satélite é a Viasat – que não reportou dados à Anatel em abril, mas que somava 31,9 mil clientes de banda larga via satélite em março de 2023.

A empresa (que tem a Telebras como parceira no Brasil) começou com a oferta para o mercado residencial em julho de 2020. Dentro de 15 meses de operação – ou até setembro de 2021 -, os números saíram de zero para 16,5 mil acessos (em evolução similar à vista na Hughes, mas abaixo da reportada pela Starlink no mesmo intervalo). O pico de acessos da Viasat ocorreu em agosto de 2022, quando mais de 41 mil assinantes via satélite foram comunicados à agência.

No momento, tais competidoras têm se movimentado para incrementar a capacidade de suas propostas. No caso da Hughes, a estratégia passa não apenas pelo lançamento do satélite Jupiter 3 mas também pela distribuição para o mercado enterprise de conectividade da OneWeb – uma das principais competidoras da Starlink no mercado LEO, mas que opta por abordagem B2B ao invés de brigar diretamente pelo consumidor final.

Já a Viasat lançou em maio o satélite geoestacionário ViaSat-3 Americas, considerado o maior artefato comercial do mundo. A previsão é de entrada em operação no segundo semestre deste ano, com impacto positivo nas ofertas para o mercado brasileiro, em conjugação com o SGDC da Telebras.

Em paralelo, a própria Starlink tem ampliado sua frota não-geoestacionária de baixa órbita. Em maio, a operadora da SpaceX ultrapassou a marca de 4 mil artefatos de pequeno porte no espaço. No Brasil, a licença da operadora permite a operação de 4,4 mil satélites, com eventual ampliação da frota dependendo de novas autorizações da Anatel.

4 COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!