Assimetria regulatória impulsionou Internet no País, avalia Baigorri

Foto: Pixabay

Os provedores de pequeno porte (PPPs) esperam que as assimetrias regulatórias com as grandes empresas de telecom permaneçam, como forma de manter o avanço sobre regiões desassistidas. E mesmo governo e Anatel avaliam positivamente o modelo, classificado como uma referência internacional. 

A análise ocorreu durante a conferência Conexão Brasil-África, organizada pelo site Tele.Síntese nesta terça-feira, 23. Na ocasião, o presidente da Anatel, Carlos Baigorri, disse que a redução das barreiras de entrada para pequenos foi "crucial" para o desenvolvimento da Internet no País.

"Para os nossos colegas de outras administrações dos países de língua portuguesa, eu acho que esse é o insight que a gente pode dar sobre a perspectiva regulatória da Anatel: criar um ambiente propício para o surgimento de empreendedores, com baixos custos de entrada, facilitando o surgimento desses novos empreendedores e criando assimetrias em relação às empresas já estabelecidas no mercado", afirmou o presidente da Anatel.

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Avaliação positiva do modelo também foi feita pelo CEO da Brisanet, José Roberto Nogueira. Para ele, com a prestação de serviço pelos pequenos fora dos grandes centros, o entendimento é que os provedores não concorrem diretamente com os grandes, mas ganharam espaço em áreas antes desassistidas.

"Mesmo enxergando um desafio muito grande nas regiões que não tinham atratividade econômica, os pequenos provedores apostaram", afirmou Nogueira.

Segundo o executivo, muitos dos municípios da região onde a Brisanet atuam contam com entre quatro a cinco competidores em fibra, com ticket médio de US$ 15 dólares. Patamar bem inferior aos Estados Unidos, em que o ticket médio gira em torno de US$ 60.

Portanto, a dificuldade é conseguir recursos investir em infraestrutura. "O primeiro desafio em FTTH é que na periferia das grandes cidades e em muitas cidades bem pequenas não têm um poste. Fibra enterrada, todos sabem que não tem viabilidade econômica, é impossível construir fibra enterrada com ticket entre US$ 15 a US$ 20", disse Nogueira.

Ele ainda apontou que, ao contrário do senso comum, o usuário de classe C e D consome muito mais internet do que o usuário de classe A e B. Isso porque a Internet é, muitas vezes, a única fonte de entretenimento e informação de uma família de menor renda. "A gente tem um consumo de 425 GB na fibra na classe A e B, e nas classes C e D falamos em TB (terabites)", diz o presidente da Brisanet.

Vero

Ja a Vero – que nasceu em 2019, com a integração de oito provedores em Minas Gerais, sendo hoje um dos principais grupos da cadeia – afirma que só foi possível tirar a empresa do papel por conta das assimetrias regulatórias impostas pela Anatel, afirma Flávio Rossini, diretor de Assuntos Corporativos da operadora.

"A gente vê potencial em determinadas regiões que não necessariamente outras pessoas veem. Quando se fala: 'agora os pequenos provedores têm um mercado significativo em cidades pequenas.' Talvez eu tenha um mercado significativo nas cidades pequenas porque ninguém quis estar lá, ninguém quis colocar uma fibra lá", disse.

O executivo afirmou que, diferente do início da curva de crescimento dos provedores regionais, atualmente há muito mais competição no segmento. "Hoje, diferentemente do cenário de 2017, você vai em qualquer cidade do interior e tem pelo menos dois players de fibra. São cidades pequenas, com 10 mil habitantes ou menos".

Além disso, Rossini enxerga a competição como sadia para o mercado, visando o bom nível de atendimento ao cliente medido por pesquisas de satisfação. Hoje, 73% das cidades em que a Vero atua são consideradas pequenas e, 21%, médias. 

"Os pequenos em geral, ou as PPPs, estão sim ocupando um espaço, levando conectividade, conhecimento e colocando as pequenas e médias cidades em pé de igualdade com quem está em Brasília, em São Paulo, ou no Rio de Janeiro", finalizou.

Mesmo entre fornecedores houve defesa do modelo de assimetrias. Juelinton Silveira, vice-presidente da FiberX, argumentou que ainda há empreendedores aproveitando as assimetrias regulatórias para entrar no setor. 

De 2015 a 2024, a ascensão dos provedores de pequeno porte (PPPs) fez com que os provedores regionais de banda larga fixa passassem de 2,6 milhões para 26,1 milhões. Eles somam hoje, 54% de share, superando inclusive os incumbentes. 

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