Na banda larga, penetração de mercado deve ter ritmo mais lento

Foto: Pexels

Ainda há potencial de crescimento no segmento brasileiro de banda larga, mas o ritmo de penetração da cobertura do serviço deve avançar em ritmo mais lento nos próximos anos, na contramão de expectativas recentes mais otimistas.

A avaliação é da área de pesquisa do BTG Pactual em relatório divulgado nesta semana. Com o avanço mais lento da banda larga em 2023, a instituição revisou para baixo as suas expectativas e diz que o setor deve receber entre 6 e 7 milhões de usuários nos próximos três anos, elevando a taxa de penetração em domicílios dos atuais 66% para 75%

"No passado, modelamos para que a penetração de banda larga atingisse 85% das residências brasileiras, mas dada a recente desaceleração do crescimento (a base de banda larga do Brasil cresceu 6,7% ao ano em 2023, abaixo dos 8,9% em 2022 e dos 14,6% em 2021), estamos revisando nossas estimativas e agora acreditamos que uma penetração de 75% das residências está mais alinhada com as tendências recentes", afirma o documento.

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"Em resumo, a mensagem é que pode haver algum crescimento adicional por meio de uma penetração adicional, mas não muito", elabora o BTG – não sem lembrar que empresas apontam penetração existente na banda larga maior do que a relatada pela Anatel, pois há muitas empresas no mercado informal. 

Fibra

As oportunidades de crescimento estão concentradas na fibra óptica, avalia o banco. Em 2023, o segmento adicionou 4,2 milhões de conexões FTTH líquidas, bem superior ao crescimento líquido de 3,1 milhões da base total, gerada pela desconexão em outras tecnologias.

O mesmo aconteceu nos últimos anos. Hoje, 70% de todas as conexões de banda larga fixa são FTTH, acima dos 65% em 2022, dos 58% em 2021, dos 46% em 2020 e dos 31% em 2019.

No caso das demais tecnologias, além das conexões via cobre, que totalizaram 1 milhão no final de 2023, a banda larga via cabo, com 8,6 milhões de conexões e 18% de market share, também está em queda após anos de estabilidade.

"Embora as desconexões tenham permanecido relativamente estáveis nos últimos trimestres, acreditamos que provavelmente se intensificarão à medida que os usuários exigirem cada vez mais conexões de alta velocidade – uma tendência desafiadora para as redes HFC acompanharem", afirma o BTG.

Neste sentido, o banco observa o caso da Claro, que responde pela maior fatia das redes de cabo. De acordo com o documento, a tele tem acelerado seus investimentos na implantação de fibra e conseguido com sucesso proteger a base, limitando espaço para outros competidores.

Atualmente, a Claro conta com cerca de 11 milhões de HPs (casas passadas) com fibra no País. "A empresa inicialmente se concentrou apenas em oferecer fibra em territórios 'verdes', mas depois mudou de rumo e começou a sobrepor sua rede HFC para proteger sua base."

"Após adicionar 164 mil (líquidos) novos clientes em 2021 e 262 mil em 2022, a Claro adicionou 414 mil assinantes de FTTH em 2023, com 128 mil adicionados apenas no 4º trimestre. Em fevereiro, sua base de fibra totalizava 1,3 milhão", notaram os analistas.

Em paralelo, o espaço para migração de clientes de cobre para a fibra estaria se reduzindo. Isso teria impacto mesmo nos números da Vivo, que mantém patamares bastante "saudáveis" de adição de fibra: cerca de 60 mil em 2023 e no primeiro bimestre de 2024, mas menores que as médias de 73 mil em 2022 e 103 mil em 2021.

Já a Oi registrava retração das adições de fibra até o relatório: no segundo trimestre de 2023 foram 30 mil desconexões no Oi Fibra, ante 150 mil adições positivas na primeira metade do mesmo ano e 536 mil em 2022.

Consolidação

A perspectiva do BTG de menor ritmo de crescimento orgânico foi incluída na modelagem do banco sobre as oportunidades de crescimento dos provedores regionais, abordada por TELETIME na última terça-feira.

Dessa forma, o caminho preferencial de evolução seria o crescimento inorgânico, via consolidação, afirmam os analistas. "Um mercado com mais de 10 mil ISPs está destinado a passar por consolidação. ISPs menores que tentam manter seus negócios provavelmente enfrentarão lutas de longo prazo, com a pressão da inflação sobre os custos (passar isso para os preços é difícil devido à forte concorrência). ISPs menores também costumam ter dificuldades para atualizar suas redes, já que banda larga é intensiva em capital.

"[Já] para os maiores ISPs, crescer de forma inorgânica parece ser o melhor caminho a seguir. E naturalmente, quanto maiores eles se tornam, mais próximos ficam de se tornarem alvos de aquisição para grandes empresas de telecomunicações". (Colaborou Henrique Julião)

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