RNP prepara integração entre Norte Conectado e Nordeste Conectado

Encontro de fornecedores da RNP. Foto: Divulgação

Executora de parte das políticas públicas federais para infraestrutura de conectividade, a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) está trabalhando na integração entre os programas Norte Conectado e Nordeste Conectado. A entidade também deve iniciar em breve a busca de fornecedores para trecho óptico submarino até o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).

As atualizações sobre os projetos foram compartilhadas durante encontro com fornecedores realizado pela RNP em Campinas nesta quarta-feira, 29. No caso da integração entre os programas de infraestrutura de transporte no Norte e no Nordeste, o projeto está em fase avançada de planejamento, mas depende do levantamento de recursos com parceiros – sobretudo o Ministério das Comunicações (MCom), mas também o MCTI e o MEC.

O complemento de rede entre as duas regiões passaria por uma série de trechos interestaduais. Um deles vai de Fortaleza a Bacabeira (MA), onde a RNP já tem contrato para utilizar a fibra OPGW de uma companhia transmissora de energia e expectativa de ativação do cabo até o fim do ano. O projeto pressupõe ainda a ida da rede até o Centro de Lançamento de Alcântara, através de trecho de 22 km de rota submarina (mais detalhes no decorrer da matéria).

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Entre Santarém (PA) e Teresina e Teresina e Sobradinho (BA), acordos para uso de cabos OPGW do setor elétrico também estão em boa parte fechados para possibilitar a integração Norte-Nordeste, afirmou o gerente de projetos da RNP, Oswaldo Alves. Já entre São Luís e Belém – importante trecho para ligação das redes -, a opção será por redes terrestres, em arranjo que ainda está sendo costurado.

As rotas São Luís-Belém e Fortaleza-Bacabeira tornariam o Maranhão em uma espécie de elo entre os dois programas de infraestrutura de conectividade. Hoje, o estado é o único do Nordeste não plenamente integrado ao Nordeste Conectado, que reúne 6 mil km de redes ópticas baseadas em parcerias, como a para uso de fibras da Chesf. A parte de backbone do projeto (em curso desde 2016) deve ser concluída neste ano, com iluminação no interior de estados como Piauí e Pernambuco.

Alcântara

Também no Maranhão, a RNP está prestes a abrir processo licitatório para a interligação, anunciada em 2021, do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) com as redes ópticas de alta velocidade. Fornecedores e uma lançadora serão buscadas para o trecho submarino entre Bacabeira e o município maranhense que sedia a base espacial (hoje atendida apenas por satélite e rádio).

Dos recursos de R$ 10 milhões inicialmente anunciados no projeto, a entidade teve acesso a apenas R$ 4 milhões, via FNDCT (fundo vinculado ao MCTI). Dessa forma, uma alternativa encontrada para realização do trecho submarino foi a cessão, pelo MCom, de sobras do cabo óptico utilizado nos primeiros trechos do Norte Conectado, apurou TELETIME.

Oficialmente, o projeto deve ser concluído até o fim de 2023. Neste mês de março, Alcântara sediou seu primeiro lançamento comercial.

Governança

Baseado na construção de nova rede ao invés de parceria, o Norte Conectado tem primeiro trecho (a Infovia 00, entre Macapá e Santarém) operacional desde 2022 e o segundo (de Santarém a Manaus) prestes a entrar em atividade. A primeira etapa foi executada pela própria RNP com financiamento de agrupamento de ministérios e órgãos públicos, enquanto a Infovia 01 conta com verba das sobras do processo de digitalização da TV aberta decorrentes do leilão de 700 MHz, realizado em 2013, e execução pela EAD.

Os demais trechos do Norte Conectado estão em fase de planejamento, sendo custeados com recursos do leilão do 5G e executados pela EAF, que administra compromissos da licitação de 5G, realizada em 2021. Já a RNP tem expectativa de seguir atuando no modelo de governança das redes, com uso para fins acadêmicos e disponibilização de capacidade excedente para órgãos públicos e a iniciativa privada.

Presidente da entidade, Nelson Simões afirmou a TELETIME que a governança das redes representa um desafio ainda maior que a engenharia. Neste sentido, a experiência de consórcio aberto nas Infovias 00 e 01 – que atraíram mais de uma dezena de operadoras – foi considerada como o "melhor resultado possível" pelo dirigente. "O MCom espera que a gente continue ajudando nos outros trechos", afirmou Simões.

Gerente de projetos da RNP, Oswaldo Alves apontou que há intenção de utilizar modelo semelhante de compartilhamento nos novos trechos que a entidade planeja – como a própria interligação entre Norte e Nordeste. Modelos alternativos de governança também estão sendo buscados para projetos de redes metropolitanas de fibra.

No momento, a RNP estaria envolvida em iniciativas do gênero em quase 40 cidades, inclusive em modelos que envolvem permuta, contratos de direitos de uso e outras alternativas para capilaridade em áreas urbanas. Segundo Oswaldo Alves, é de interesse da entidade reduzir ao máximo a construção de trechos, priorizando parcerias.

A interiorização das redes metropolitanas tem destaque entre municípios ao redor do backbone do Nordeste Conectado, onde cerca de 470 escolas em seis cidades já estão sendo conectadas pela RNP em piloto a partir da chegada da infraestrutura nas áreas urbanas. (O jornalista viajou para Campinas convidado pela RNP).

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