Alcântara entra no mercado de transporte espacial com lançamento de foguete sul-coreano

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Fotos: Sargento Frutuoso/DCTA

Ocorreu no último domingo, 19, a primeira operação privada de transporte espacial realizada no Brasil. Na data, o foguete sul-coreano HANBIT-TLV foi lançado a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão.

O lançamento integrou a Operação Astrolábio, parte de um acordo entre autoridades brasileiras e a empresa sul-coreana Innospace. Enquadrada como de pesquisa e desenvolvimento, a missão levou a bordo o Sistema de Navegação Inercial Brasileiro (SISNAV), carga útil desenvolvida pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE).

No domingo, condições meteorológicas favoráveis finalmente permitiram a realização do lançamento do foguete sul-coreano. O voo ocorreu às 14h52 e durou 4 minutos e 33 segundos. Posteriormente, a Innospace afirmou que updates sobre o sucesso da missão devem ser fornecidos em breve.

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O foguete HANBIT-TLV é um veículo de testes com 8,4 toneladas e 16,3 metros de altura. O artefato utiliza um sistema patenteado de alimentação por bomba elétrica, além de tecnologia híbrida, com propulsão à base de oxigênio líquido e uma mistura de parafinas que proporciona "composição química estável, fabricação mais rápida e de menor custo".

Já a Innospace é uma startup espacial sul-coreana fundada em 2017. A empresa dispõe de subsidiária integral localizada em São José dos Campos (SP) e gerencia operações de lançamento no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). O objetivo da empresa é a fabricação de pequenos lançadores de satélites e serviços de engenharia aeroespacial.

O SISNAV, por sua vez, é um sistema inercial desenvolvido por militares e civis do IAE e que mandará dados de navegação para análise na Terra. No momento, a intenção é verificar se o sistema opera bem em ambientes reais com variáveis extremas como vibração, choque e alta temperatura presentes no processo de lançamento ao espaço.

Reações

Na Operação Astrolábio, a Innospace teve como parceiro o Departamento Brasileiro de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), com apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB).

"[A] Astrolábio entra para a história do Programa Espacial Brasileiro (PEB) ao se tornar a primeira operação privada de transporte espacial realizada no Brasil", afirmou a AEB, em comunicado onde comemorou o lançamento.

"Concretizamos o ideal lá dos anos 80, pois temos agora um operador privado internacional trabalhando aqui, o que abre a oportunidade de o Brasil efetivamente se inserir no mercado internacional de transporte espacial", comentou na ocasião o presidente da AEB, Carlos Augusto Teixeira de Moura.

Diretor-geral do DCTA, o tenente-brigadeiro do ar Maurício Augusto Silveira de Medeiros também destacou os resultados ."Este lançamento quebrou um paradigma, pois poderemos ter diversas operações comerciais, nos colocando entre os centros espaciais reconhecidos mundialmente e inseridos nesse mercado tão grande e que se desenvolve a cada dia mais, que é o mercado espacial".

"O lançamento do HANBIT-TLV e as parcerias futuras trarão uma série de benefícios, pois são receitas que vêm para o município de Alcântara, para o estado do Maranhão e para o Brasil", projetou o tenente-brigadeiro.

Espectro

Servidores da Anatel das regionais do Maranhão e da Bahia também participaram da ação no Centro de Lançamento de Alcântara, a fim de garantir a segurança do uso do espectro radioelétrico durante o lançamento do HANBIT-TLV.

Para assegurar que o lançamento fosse realizado sem maiores imprevistos, a Anatel monitorou o espectro da região para evitar a ocorrência de interferências indevidas que comprometessem as comunicações entre o centro de controle do lançamento e os receptores e transmissores do foguete lançado, explicou a agência em comunicado próprio.

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