O mercado de satélites vive um ciclo de expansão do mercado de banda larga via satélite e o crescimento do mercado de conexão direta a dispositivos, mas o ano de 2024 deve ser um ano com avanços significativos para o setor por outras razões, muito mais ligadas à oferta de serviços corporativos. A consultoria Analysys Mason publicou previsões para essa indústria, incluindo um crescimento de receita de 7% este ano (uma adição de US$ 15,3 bilhões). Entre os principais destaques, estão maiores integrações com nuvem, segurança e, também, impulsionamento nas redes definidas por software – o chamado SD-WAN.
De acordo com a Analysys Mason, 2024 será a porta de entrada para o início da exploração e integração dos benefícios da inteligência artificial (IA) no ecossistema de satélites de comunicação. Nesse sentido, a consultoria prevê que as partes interessadas empresariais de VSAT sejam pioneiras nesse tipo de tecnologia.
"O cenário da indústria de satélites de comunicação está mudando rapidamente à medida que mais players e soluções são incluídos no mix. Como resultado, esperamos mais consolidação vertical e/ou horizontal em toda a cadeia de valor da indústria de satcom em 2024", apontou a consultoria.
Starlink
A Starlink, que registrou crescimento expressivo nos últimos semestres (inclusive no Brasil, apesar de alguns problemas vistos por usuários), deve continuar aumentando a base de clientes no mundo este ano – porém em ritmo menor na comparação com 2023, prossegue a consultoria.
Além disso, a expectativa é de que a companhia de Elon Musk tenha como grande foco em 2024 o setor de mobilidade comercial. No ano passado, um dos anúncios mais importantes para a marca foi a operadora SES anunciando a integração da conectividade Starlink em cruzeiros. "A empresa terá oportunidades significativas para aumentar a sua quota de mercado em termos de assinantes nos mercados marítimo e de conectividade a bordo", explicou a Analysys Mason.
A previsão também fala sobre parcerias no setor, indicando aumento em projetos colaborativos e multiórbitas em diferentes casos de uso, "semelhante à parceria SES e Starlink e à integração de capacidades Eutelsat e OneWeb".
Impulsionadores do setor
Para a Analysys Mason, a transformação digital na modalidade enterprise de VSAT, atualização e expansão da rede em backhaul e trunking e plataformas marítimas autônomas e sistemas aéreos não tripulados governamentais e militares serão alguns dos demais pontos impulsionadores da demanda na indústria de satélites de comunicação.
Além disso, há boas expectativas sobre o aumento na demanda pela indústria por parte de projetos e programas de governos que busquem diminuir as "zonas mortas" de conectividade banda larga – área em que satélites podem contribuir.
A banda larga, inclusive, será uma pontas responsáveis por inflar o crescimento de novas receitas em 2024, juntamente com a mobilidade comercial, bem como backhaul e trunking.
Ainda de acordo com a previsão, a OneWeb, por meio da Eutelsat, começará a entrar em mercados corporativos de VSAT e backhaul. Isso deve se dar a partir de parcerias downstream, preenchendo as lacunas de demanda.
Por fim, o Kuiper (projeto de conectividade via satélite LEO da Amazon, similar ao modelo da Starlink) deve avançar significativamente com os planos de fabricação e implantação da constelação da empresa. "Muito provavelmente, começará a lançar seus satélites em 2024", comentou a Analysys Mason. No final do ano passado, a Amazon comemorou o sucesso nos primeiros testes com satélites experimentais em órbita.
Sobre os satélites geoestacionários (GEO), houve menção ao Jupiter 3 – que já está sendo usado pela HughesNet no Brasil. Segundo o estudo, ele impulsionará o crescimento do mercado GEO nas Américas, tanto em acessos de banda larga e backhaul quanto em VSAT enterprise.
D2D
Sobre a tecnologia D2D (sigla inglesa para conexão direta para o dispositivo), a Mason informou que essa ainda será limitada aos alertas de emergência e mensagens em 2024. Mesmo com isso, a consultoria destacou que o ecossistema vai evoluir em velocidade "extraordinária", inclusive com novos lançamentos da Starlink para essa área de atuação programados para este ano.
"AST e Lynk também estão progredindo em suas constelações, enquanto atores tradicionais, como Iridium e ViaSat/Inmarsat, estão entrando no ecossistema de smartphones. 2024 é um ano crítico para o futuro do segmento D2D, com o lançamento do 3GPP18 esperado para expandir significativamente as capacidades D2D do satélite", completou a Analysys Mason.
Vídeo
A previsão também apontou que o mercado de vídeo continuará a perder espaço dentro da estratégia das operadoras. Mas mesmo com a redução, essa continuará sendo a área de maior contribuição de receitas para o mercado de satélite de comunicação. De acordo com a publicação, o mercado de vídeo deve responder por uma fatia de 30% no setor, agregando uma receita acumulada de 4,6 bilhões de dólares.