Desktop avalia segregação total ou parcial da rede de fibra óptica

A operadora de banda larga Desktop confirmou na manhã desta sexta-feira, 25, que está avaliando junto ao mercado oportunidades estratégicas como a segregação total ou parcial de seus ativos de rede de fibra óptica.

A sinalização ocorreu em comunicado emitido após ofício da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que questionou a Desktop sobre notícias veiculadas na mídia na última quinta-feira, 24. Segundo o jornal O Estado de São Paulo e o portal Neofeed, a operadora paulista teria contratado o Bank of America (BofA) para encontrar possíveis compradores ou sócios para sua rede de fibra.

Ao ser procurada pela CVM, a Desktop afirmou não existir "qualquer fato ocorrido ou ato realizado pela companhia ou terceiro em relação ao assunto abordado pela notícia que esteja sujeito à divulgação mandatória" – mas não sem pontuar que oportunidades estratégicas estão sendo analisadas.

"Em consonância com seu dever fiduciário e no curso normal de seus negócios, [a companhia] permanece constantemente analisando e avaliando, em conjunto com seus assessores, oportunidades de maximizar o retorno aos seus acionistas, incluindo, dentre várias outras oportunidades, a possibilidade de segregação total ou parcial de seus ativos de rede de fibra ótica", colocou a Desktop, no documento assinado pelo diretor financeiro, de M&A e relações com investidores, Bruno Leão.

Consolidação

Como apontado por TELETIME nesta semana, há expectativa que uma próxima fase da consolidação no mercado de banda larga envolva provedores de maior porte – como a própria Desktop, que está se aproximando do 1 milhão de assinantes. Para a área de pesquisa do BTG Pactual, apenas a infraestrutura da empresa independente poderia ser avaliada em R$ 2,5 bilhões.

Até junho, a Desktop somava 4,2 milhões de casas passadas (HPs) com fibra óptica, além de reportar 54 mil km de redes, sendo 10 mil km em backbone e 44 mil km em redes de acesso FFTH. Os dados são do último balanço da companhia.

"A Desktop é a maior ISP no estado de São Paulo e possui uma rede que se estende por todo o estado (embora não tenha rede na área metropolitana da cidade de São Paulo). Portanto, ela é um alvo óbvio de aquisição para operadoras de rede neutra, além das principais empresas de telecomunicações que também podem estar interessadas em adquirir seus clientes", avaliou relatório do BTG, divulgado nesta sexta-feira.

O banco notou que a V.tal – maior rede neutra do País e que tem o próprio BTG como controlador – não tem presença relevante no mercado paulista, assim como a I-Systems, controlada pela IHS e que tem a TIM como sócia. O cenário tornaria ambas em potenciais interessadas.

Há ainda a FiBrasil, que não tem atuação em São Paulo por decisão estratégica da acionista Vivo, dona da maior rede de fibra óptica no estado. "Embora possa não ser necessário utilizar a infraestrutura da Desktop, adquirir a rede pode ser uma estratégia para proteger o mercado da entrada de um player neutro de rede", entende o BTG Pactual.