Após acordo com Telefônica, Globo mantém postura

Os radiodifusores ganharam o apoio do ministro da Cultura, Gilberto Gil, na manhã desta quinta-feira, 23, na batalha pela preservação da produção de conteúdos nacionais diante dos novos serviços das empresas de telecomunicações. Em debate realizado no Senado Federal, o ministro Gil lembrou que existe consenso, inclusive internacional, sobre a importância da diversidade regional, fazendo referência à Convenção da Diversidade das Expressões Culturais, moldada pela Unesco em 2005. O Brasil ratificou as visões de estímulo à produção local presentes na convenção em 2006, quando assinou o documento.
?O audiovisual é um direito adquirido pela população de acordo com a convenção internacional aprovada recentemente pela Unesco?, rememorou Gil. A lembrança do documento foi elogiada pelo vice-presidente de Relações Institucionais da Rede Globo, Evandro Guimarães, que chegou a classificar a audiência como a melhor já ocorrida sobre o tema da convergência. ?É um guarda-chuva excepcional para as nossas demandas o que o ministro apresentou sobre esse acordo internacional?, afirmou.

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O recente acordo fechado entre Rede Globo, Globosat e Telefônica para transmissão da programação do grupo brasileiro dentro do novo serviço de DTH da concessionária de telefonia não afetou o discurso normalmente usado por Guimarães. O diretor mostrou-se mais uma vez contra a entrada das teles no mercado de conteúdo e ressaltou a diferença de fôlego financeiro entre os dois setores.
?Para nós, a radiodifusão é a alma e as telecomunicações são o corpo. O Brasil já não tem o corpo. Estamos protegendo a alma?, afirmou o diretor. ?Se não forem tomadas providências regulatórias urgentes, teremos uma desnacionalização da produção de conteúdo devastadora?, completou. Segundo Guimarães, enquanto o setor de telecomunicações fatura cerca de R$ 100 bilhões ao ano, o ramo de radiodifusão gera R$ 10 bilhões.
O senador Wellington Salgado (PSDB/MG), presidente da Comissão de Comunicação onde foi realizado o debate, minimizou os comentários do representante da Globo e defendeu uma parceria entre radiodifusores e teles. ?Achei o discurso do Evandro meio fúnebre. Penso que o Congresso vai aprimorar a legislação que trata dessas questões. E a gente tem ouvido muito que eles não querem fabricar pizza, mas sim entregar a pizza. Por isso, acho que os produtores de conteúdo acabarão se associando com as empresas de telecomunicações?, declarou o parlamentar.

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