5G completa um ano com crescimento maior do que o 4G, mas ritmo dependerá da demanda, diz Conexis

Marcos Ferrari, presidente-executivo da Conexis Brasil Digital

Em um ano de implantação, a tecnologia 5G mostra um crescimento superior ao da 4G, na comparação por período de implantação. Prestes a completar um ano de implantação no Brasil em julho, a tecnologia terminou o mês de março de 2023 com 8 milhões de clientes. Ou seja, em oito meses, o 5G alcançou o número de linhas ativas que o 4G, quando lançado, demorou dois anos para alcançar, conforme já havia indicado TELETIME.

Segundo Marcos Ferrari, presidente executivo da Conexis Brasil Digital, entidade que representa as grandes operadoras de telecomunicações do Brasil, essa alta procura em pouco tempo se deve ao fato de as pessoas estarem buscando por mais velocidades, o principal atributo da tecnologia implantada no Brasil no atual estágio.

"O 5G hoje tem superado as expectativas quando se fala em velocidade de implantação, observando a cobertura. Em oito meses de implantação o 5G chegou a 8 milhões de usuários. Essa mesma quantidade demorou dois anos para ser alcançada no 4G. Isso mostra o interesse da população pela tecnologia", disse Marcos Ferrari em entrevista a este noticiário.

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Na sua avaliação, o avanço do 5G está mais rápido do que o esperado porque hoje a população procura velocidades mais rápidas. "A velocidade é atualmente um atributo importante, sendo que os outros atributos que a tecnologia permite, como a baixa latência e conexões de IoT, ficarão evidentes mais para frente", afirmou.

Crescimento

Perguntado se o ritmo de crescimento da tecnologia será o mesmo dentro dos próximos 12 meses, Ferrari disse que, apesar de as operadoras terem implementado sites de 5G bem acima das metas previstas, ao mesmo tempo que a Anatel também liberou muito mais cidades do que estava previsto nesse momento para a faixa de 3,5 GHz, o ritmo de crescimento ainda dependerá da demanda. "Tudo será mais veloz a partir da demanda. O modelo do leilão possui uma cobertura mínima, mas é mínima. O mínimo será cumprido. Mais do que isso, depende da demanda e do modelo de negócios das empresas. O além da obrigação depende de demanda", finalizou Ferrari.

Em termos de cobertura, existem 149 municípios com a tecnologia. "Hoje nós já temos todas as capitais e as cidades acima de 500 mil habitantes com o 5G atividade. Isso era uma obrigação para final de 2025", explicou o presidente executivo da Conexis. Isso aponta, diz ele, como as empresas cumpriram obrigações antes mesmo do previsto.

Lei de Antenas

Apesar do rápido avanço da tecnologia no Brasil, Ferrari destaca que ainda há medidas que, se tomadas, poderiam acelerar ainda mais o avanço do 5G. A principal delas, ele destaca, é a mudança nas legislações de antenas dos municípios.

Ele apontou ainda na entrevista que estes 149 municípios que já estão com o 5G são responsáveis por 43% da população, mas reconhece que ainda há um longo espaço para avançar com a tecnologia. "A cobertura está bastante ampla. Ao longo dos próximos anos a densidade de sites vai diminuindo, e aumentando o número de usuários. Apesar desses dados, ainda temos dificuldades para implantar a tecnologia nos municípios. Isso envolve prioritariamente a legislação municipal, e as mudanças neste aspecto têm sido feitas de maneira lenta", afirmou.

Já existe um movimento de algumas cidades em mudar suas legislações, estimuladas especialmente pela possibilidade de ter o 5G o quanto antes, explicou Ferrari. Isso é um bom movimento, diz, mas conforme visto em alguns casos de municípios que já mudaram, é apenas um primeiro passo e muitos pararam por aí.

Isso porque, aponta o presidente executivo das Conexis, houve mudança legal nas legislações de antenas, o que é muito positivo na avaliação de Ferrari, mas se nota que alguns órgãos, mesmo nessas cidades que mudaram leis de antenas, ainda não se adaptaram para nova legislação. "A lei é a primeira camada de atualização. Mas nota-se que é preciso decretos, portarias etc. dando atribuições e novos métodos processuais para estes órgãos envolvidos", explica Ferrari. Dessa forma, diz, não adianta ter uma nova legislação se os procedimentos de autorizações e órgãos continuam seguindo as mesmas regras anteriores.

Nas 102 cidades com população acima de 200 mil habitantes, 62 estão com uma situação muito ruim, diz Ferrari. "A tecnologia tem avançado de maneira rápida, quando observamos a cobertura, mas nota-se uma lacuna de sinergia entre os agentes envolvidos nas mudanças legais de antenas nas cidades", explica.

Operadoras como agentes de inovação

Um dos pontos tratados na entrevista que Marcos Ferrari concedeu ao TELETIME foi a capacidade de inovação das operadoras. Ele avalia que, diferente do movimento que aconteceu com o 4G, a chegada do 5G tem colocado para as empresas de telefonia o desafio de se tornaram também empresas de tecnologia.

"Eu não tenho dúvida de que com o 5G, a história será diferente da do 4G. As empresas outorgadas com o 5G estão se preparando para oferecer o serviço de ponta a ponta, dado que estamos falando de uma tecnologia que representa um salto qualitativo em relação ao 4G", disse Ferrari.

Marcos Ferrari aponta que quando a quarta geração foi lançada não se esperava que fossem surgir várias das inovações usufruindo das redes de telecomunicações que foram instaladas, como as plataformas digitais de mensagem, redes sociais, serviços e vídeos. A experiência do 4G, no qual as operadoras assumiram o papel de incumbents, mostra que é preciso um novo protagonismo no campo da inovação para as operadoras.

"Agora, o 5G possui diversos atributos e isso permite que as operadoras capitaneiem esses novos modelos de negócios. Não dá para prever isso ainda. Mas ao que tudo indica, pelo menos o que tem sido despontando, é de que haverá novos modelos de negócios capitaneados pelas operadoras, para que ela consiga capturar valor em cima dessa nova rede", aponta Ferrari. Existe um potencial muito grande das operadoras, prosseguiu o representante da Conexis.

"Vimos as falas dos CEOs no Painel Telebrasil Inovation [evento que aconteceu na última semana em São Paulo]. Vimos as empresas colocando todo um rol de atuação, na qual as operadoras mostraram como podem inovar e trazer valor para diversos setores, como a indústria, o agro e o sistema financeiro", acrescentou Ferrari.

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