5G no Brasil: avanços, desafios e perspectivas para o futuro

Augusto Archer
Foto: Divulgação

Com velocidade ultra rápida, baixa latência e alta capacidade de conexão, o 5G, a quinta geração da rede móvel, vem se expandindo no território brasileiro. Segundo dados da Anatel, no final de 2023, 282 cidades no Brasil contavam com a rede ativa e mais de 16 mil estações rádio base (ERBs) estavam em funcionamento. Além disso, mais de 3 mil municípios que estavam com a faixa de 3,5 GHz liberada para uso da tecnologia.

Outra novidade é que a conexão 5G no Brasil está entre as mais rápidas do mundo. De acordo com relatório da Ookla, o País ocupa a quinta posição no ranking de rapidez de conexão, alcançando média de 445 Mbps de taxa de download. De imediato, já é possível afirmar que a quinta geração de rede móvel está trazendo inúmeros benefícios para os usuários do Brasil, por exemplo, o download de filmes e séries de forma extremamente rápida, ou mesmo a possibilidade de fazer ligações com boa velocidade, evitando ruídos, quedas de conexão e atrasos na comunicação on-line.

Mas o 5G, mesmo sendo um oceano de possibilidades e vantagens, ainda não está sendo plenamente explorado no País. Se a expansão da tecnologia avançar no território brasileiro, podemos atingir benefícios que impactarão positivamente em diversos âmbitos da sociedade. Um exemplo desse avanço são rodovias inteligentes que usam sensores para monitorar o tráfego em tempo real, resultando em uma gestão de frotas mais eficiente e na prevenção de acidentes. Outro benefício que o 5G pode trazer está relacionado à iluminação pública, com luminárias conectadas e ajustadas conforme a demanda, contribuindo para a redução do consumo de energia e da poluição luminosa.

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Já no âmbito do gerenciamento de resíduos, o 5G possibilita a implementação de coletores inteligentes que monitoram a ocupação e otimizam rotas de coleta, resultando em redução de custos e emissões de carbono. Além disso, a chegada da quinta geração de rede móvel traz consigo a abertura de novas oportunidades de negócios, impulsionando a economia nacional e fomentando a inovação em várias localidades, inclusive remotas.

Apesar de alguns avanços, fato é que ainda enfrentamos desafios que atrasam a implementação total do 5G no Brasil. Para incentivar a expansão da tecnologia, o governo federal promulgou a Lei Geral das Antenas (LGA) e o Decreto nº 10.480/2020, que permitem a implantação do sinal 5G em todas as capitais e os municípios. No entanto, é necessário que todas as localidades atualizem suas normativas para disponibilizar mais antenas e garantir um sinal eficaz em todo o País. Segundo a Conexis Brasil Digital, que reúne empresas de telecom e de conectividade, apenas uma pequena porcentagem dos municípios brasileiros atualizou suas leis de antenas para acomodar o 5G, o que representa um obstáculo para a expansão da tecnologia.

Além disso, outros entraves permeiam o caminho para a inovação. A infraestrutura robusta e abrangente necessária para suportar as aplicações em larga escala ainda está em desenvolvimento, e a segurança cibernética é uma preocupação fundamental que exige medidas rigorosas para proteger a infraestrutura e os dados contra ataques. Dessa forma, para que o País esteja apto a aderir ao 5G de forma ampla, vão ser necessários investimentos de empresas, públicas e privadas, para contribuir com os altos custos de infraestrutura, como a implementação de antenas ou rede de fibra óptica e suprir a demanda de mão de obra qualificada e especializada, que é outro desafio, especialmente para cidades fora da rota das metrópoles.

Diante de todo o cenário analisado, pode-se dizer que o Brasil continua avançando na implementação do 5G. O cenário é comprovado por relatórios que mostram que o total de municípios que adaptaram as leis locais à LGA passou de 347 em 2022 para 573 no ano passado, configurando aumento de 65%.

No entanto, a ampliação caminha a passos lentos e ainda não é possível afirmar se alcançaremos as metas estabelecidas nos editais originais do 5G, que previam a instalação total do da tecnologia em cidades com mais de 500 mil habitantes até julho de 2025 e em municípios com mais de 200 mil até meados de 2026. Mas o país está na direção certa. E, se tivermos uma legislação adequada e investimentos coerentes por parte das organizações, no futuro, poderemos ter uma rede de 5G robusta e ampla, permitindo à sociedade todas as vantagens da tecnologia de maneira plena.

* Sobre o autor – Augusto Archer é especialista em soluções de inovação para smart city e utilities da Sonda Brasil. As opiniões expressas nesse artigo não necessariamente representam o ponto de vista de TELETIME

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