Com o acirramento do mercado de prestadoras de pequeno porte (PPPs), essas empresas buscam modelos de negócio que permitam também competir com as grandes. Para tanto, além da conectividade, há a necessidade de ofertar produtos over-the-top, especialmente o streaming de conteúdo audiovisual, serviços de cloud e aplicações corporativas e parcerias para novos negócios, na avaliação de participantes do último painel do Fórum de Operadores Inovadores 2022, evento promovido por Mobile Time e TELETIME e encerrado nesta quarta, 6.
A intenção da provedora recifense Um Telecom é de atuar mais forte no atacado, viabilizando produtos SVA para outras prestadoras de pequeno porte. Como exemplo, a companhia tem a plataforma de streaming One Play, utilizada por 300 PPPs. Ela também aposta na oferta de serviços em nuvem para clientes corporativos.
Contudo, isso não exclui a possibilidade de a Um Telecom continuar investindo para oferecer também a infraestrutura no atacado. Segundo o COO, Daniel Gomes, a empresa "não é rede neutra de FTTH, mas de backbone e longa distância". Ele afirma não haver planos para criar uma rede neutra de fibra, mas experimenta outras áreas. Um exemplo é o lançamento de uma MVNO em parceria com uma PPP no Ceará.
CEO da Vero, Fabiano Ferreira comemora a parceria com o uso da rede neutra da V.tal, em curso já há dez meses. De forma orgânica, a companhia chegou a 43 novas cidades "saindo do zero". Hoje, a operadora conta com base de 650 mil clientes em 2,3 mil cidades em potencial, uma infraestrutura de 24 mil km de fibra, dos quais 17 mil km com FTTH e outros 7 mil km no backbone.
Para ele, há potencial grande: "As InfraCos somadas terão de 40 a 45 milhões de HPs. Boa parte dos 2,3 mil municípios vão receber essa conectividade. Portanto, vemos uma aceleração do nosso plano de negócios", diz Ferreira. Ele ressalta que há uma ótica de aproveitamento de oportunidades para expansão, mas coloca que continuará com fusões e crescimento orgânico. E destaca que a diversificação de produtos dos ISPs está intimamente ligada à capacidade dos provedores de buscarem novas parcerias e alianças.
Assim como a Um Telecom, um dos focos é no serviço de valor adicionado. A Vero aposta em serviços digitais premium, como a parceria com Globoplay e HBO, que aumenta o tíquete médio. "A nossa rentabilidade aumenta a cada ano, e o tíquete médio cresceu 6% período", afirma Ferreira, ressaltando que se trata de aspecto de diferenciação.
Com origem no mercado de TV por assinatura, a Associação Neo busca, hoje, ajudar as operadoras de banda larga a valorizarem suas ofertas inclusive com oferta de conteúdos por streaming. O conteúdo mais buscado pelos 200 associados (que juntos totalizam 10 milhões de assinantes) é o de streamings de programadores. "Muitos parceiros deixaram o modelo de TV por assinatura tradicional para produzir os streamings. No interior, a TV continua importante, por isso streaming é um atrativo para a fibra", declara o diretor geral da entidade, Rogerio Dalemolle.
O executivo conta ainda que buscou se adaptar logo às mudanças após a determinação da agência reguladora de que o streaming de programação linear de TV é SVA. "No dia seguinte que foi aprovado [o entendimento por] SVA na Anatel, nós pedimos propostas comerciais para os programadores para eles se adaptarem." (Colaborou Henrique Medeiros)