Um Telecom vê conectividade como commodity e aposta em serviços de valor agregado

Rui Gomes, CEO da Um Telecom

A Um Telecom se prepara para dar um passo significativo na transformação de seu modelo. Segundo Rui Gomes, CEO da operadora, a oferta de conectividade por si só, que tem sido o principal negócio da empresa, se tornou commodity, e o caminho das empresas de telecomunicações será no valor agregado. O discurso pode ser antigo, mas a Um Telecom tem planos ambiciosos: nos próximos meses deve passar a oferecer, para alguns tipos de contrato, a conectividade de graça.

"Estamos avançando muito em serviços de cloud privada, segurança, e para os clientes que demandam esse tipo de serviço não faz mais sentido cobrar a conectividade", diz o executivo. Ele conta que a Um Telecom vem investido na diversificação e transformação de seu modelo há algum tempo, anda que 50% de suas receitas ainda venham do negócio principal, que é a venda de capacidade a provedores de acesso. São 16 mil km de fibra hoje, mas esse número deve crescer significativamente já que a empresa tem contratos com os governos de Pernambuco e Piauí para interligar os municípios (e serviços governamentais) desses Estados com redes de fibra. Em Pernambuco, a meta é conectar 100% dos municípios.

B2C

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Essa infraestrutura acaba ajudando a empresa a alavancar o outro negócio em que a Um Telecom está apostando, que é no mercado final de serviços ao consumidor. "Não era o nosso negócio mas estamos agora comprando pequenas operadoras, com até 2 mil assinantes e que hoje têm uma estrutura mais simples, e a meta é chegar a uma base de 100 mil clientes residenciais nos próximos anos. A nossa abordagem é de uma start-up, com serviços 100% digitalizados a esses clientes finais". 

Essa virada de modelo de negócios, aponta Rui Gomes, é uma transição de longo prazo, mas é inevitável. "O valor está nos serviços de valor adicionado, não na conectividade, em que a gente tem um custo de investimento e um custo operacional muito alto". 

Ao contrário de outras empresas de Internet que buscam fundos compradores, a Um Telecom negocia apenas a venda de uma participação minoritária, mantendo o controle da empresa com os acionistas atuais.

Redes neutras e 5G

Em relação às mudanças de mercado com o mercado de redes neutras, Rui Gomes acredita que ainda é preciso ver como os ISPs se colocarão diante da possibilidade de terceirizarem suas redes para empresas de infraestrutura. "O mercado já teve experiências desse tipo nos tempos da Internet discada e não foram positivas, e os modelos de operadoras virtuais móveis (MVNOs) também se mostram mito desafiadores pela falta de empenho das teles (donas das redes). Os provedores cresceram quando foram para um modelo de redes próprias. É preciso entender como serão os contratos, como será o atendimento e as garantias de qualidade".

Sobre o edital de 5G, Rui Gomes diz que ainda há muita coisa para ser analisada mas admite que a Um Telecom participa de um grupo de oito empresas regionais de porte maior que contrataram uma consultoria para estudar o edital. Esta consultoria já entregou a análise de modelo de negócios para a faixa de 2,3 GHz e falta ainda a análise da faixa de 3,5 GHz. A Um Telecom também tem interesse na faixa de 26 GHz para FWA. 

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