Para o o vice-presidente regulatório e institucional da TIM, Mario Girasole, o 5G standalone (padrão que não depende de tecnologia legada no core de rede) deverá mudar a abordagem com a qual se regula redes tradicionalmente. Em geral, o executivo defende que a Anatel determine no edital do leilão que a tecnologia a ser adotada seja a de quinta geração, em vez de assumir a posição neutra tradicional nesses certames. Sem isso, ele acredita que haveria possibilidade de a tecnologia não se desenvolver com a velocidade necessária.
"Eu tendo a discordar sobre o tema de neutralidade tecnológica como mantra insuperável. Sem dúvida, é um viés competitivo, e a Anatel sempre deixou as operadoras com as próprias escolhas. Mas neste caso, temos algo um pouco maior a ser alcançado, que não é [apenas] o desenvolvimento do setor, é do sistema econômico inteiro, para alcançar níveis de produtividade que hoje não são possíveis", declarou ele em evento da consultoria Lide sobre 5G nesta quinta-feira, 28.
Por conta disso, considera que é o maior potencial do 5G será conseguido com mecanismos dentro do leilão "para que a gente possa pular o quanto antes [para o] 5G standalone, que permite maiores performances". Sem isso, diz Girasole, haveria risco de o próprio mercado investir em soluções "mais light", como o compartilhamento dinâmico de espectro (DSS).
Neutralidade de rede
O VP da TIM ainda diz que a neutralidade de rede, conforme o Marco Civil da Internet (e o decreto regulamentador nº 8.771/2016), também deveria ser revista para a nova tecnologia. No entendimento dele, com essa barreira seria impossível fazer a gestão de tráfego com o network slicing, o que acabaria prejudicando o desempenho das aplicações que precisam de baixíssima latência. "Existe uma colisão entre tecnologia e política pública que no 5G precisará ser enfrentada. Não que seja tema da Anatel, mas, no nível legislativo, precisa encontrar novo equilíbrio", declara.