O mercado de Internet das Coisas (IoT) massivo está atravessando um momento de "otimismo cauteloso", na medida em que desafios de ecossistema, tecnologia e integração começam a ser superados – abrindo espaço para a escala do número de objetos conectados em setores da economia.
Em 2023, há perspectiva que as conexões globais em redes de baixa potência e longo alcance (LPWAN) para IoT massivo alcancem 1 bilhão no globo, de acordo com a Omdia. Até 2027, o montante deve triplicar para cerca de 3 bilhões, segundo informações apresentadas pelo analista sênior da consultoria, Ari Lopes, em evento promovido nesta semana pela Everynet.
A empresa é parceira tecnológica da American Tower em uma rede neutra para IoT que atingiu a marca de 12 bilhões de mensagens trafegadas no País, a partir de rede na tecnologia LoRaWan com 5 milhões de conexões contratadas. A marca foi comemorada pelo CEO da American Tower no Brasil, Emerson Hugues, que relatou início relativamente lento da operação, no ar desde 2018.
Já diante de transformações da indústria como a chegada do 5G, o executivo pintou um cenário de otimismo cauteloso para os próximos anos. "Quem souber aproveitar tem bastante espaço para crescer", apontou Hugues. Ao TELETIME, o diretor de novos negócios da American Tower, Daniel Laper, explicou algumas das razões por trás da melhora no humor com o segmento.
Entre elas, o fato da inteligência artificial estar "saindo do hype" e virando realidade, o que abre um novo horizonte para a geração de valor com dados produzidos em projetos de Internet das Coisas. "Isso vai dar fôlego novo e sofisticar possibilidades", afirmou Laper. O ganho de escala na produção de devices, o aumento do número de integradores no segmento e oportunidades de complementaridade de redes – seja com novas redes 5G ou WiFi – também estão gerando benefícios.
"Estamos saindo de uma discussão custo, dispositivo e tecnologia para uma discussão sobre como gerar valor", concordou o diretor da Everynet no Brasil, Gustavo Zarife, em conversa com TELETIME. O executivo vê avanço significativo no ecossistema de fabricantes de soluções no mercado brasileiro, apesar de ainda existir caminho longo a ser trilhado. Qualificação de mão de obra também seria gargalo, seja na frente de desenvolvedores quanto para trabalho de campo, afirma Zarife.
Avanço
Analista da Omdia, Ari Lopes aponta que havia expectativa que o mercado de IoT global crescesse em ritmo mais acelerado do que o visto nos últimos anos. Ainda assim, uma pesquisa da consultoria global também trouxe dados animadores sobre o papel da tecnologia nos negócios.
Entre mais de 500 empresas adotantes do IoT, 95% relatam otimismo com projetos e 90% entendem que soluções utilizadas apresentam resultados satisfatórios, apontam os dados. Ao mesmo tempo, 80% contam hoje com suporte de consultorias para integração, ao passo que 40% estão utilizando um mix de tecnologias. "Esse não é um mercado de 'winner takes it all' [o vencedor leva tudo]", notou Lopes.
Neste sentido, o analista da Omdia apontou que do 1 bilhão de acessos em LPWAN projetados para este ano, 86% são nas tecnologias LoRaWan e NB-IoT, sendo que implementações na China estão impulsionando esta última. O movimento também deve levar a ganhos de escala e redução de custos, beneficiando inclusive o mercado brasileiro.
Já para Daniel Laper, da American Tower, por ser um mercado hiperconectado o Brasil carrega um potencial de escala relevante para a conexão das coisas. O executivo nota que rastreamento, utilities e o segmento de iluminação pública são hoje os principais demandantes do IoT massivo ofertado a partir da rede neutra da operadora de infraestrutura.
Quem também está de olho no mercado de IoT são os provedores de serviços de nuvem, como a AWS. No evento da Everynet, a hiperescala do grupo Amazon afirmou que espera explorar verticais como serviços de conectividade e controle, software para devices e inteligência, armazenamento e processamento para dados em IoT.
