A falta de soluções integradas no mercado brasileiro de Internet das Coisas (IoT) está sendo vista como maior obstáculo para a escala – e o consequente retorno de investimentos (ou ROI) – de projetos do gênero.
Durante evento em São Paulo nesta quinta-feira, 25, o diretor de novos negócios da American Tower, Daniel Laper, colocou a questão como maior desafio enfrentado atualmente pelo segmento – superando outros como a falta de semicondutores, o financiamento ou a disponibilidade de devices.
"Globalmente, ninguém está fazendo o dinheiro esperado no começo e ninguém pensa que estamos onde queríamos, mas temos elementos para fazer dar certo", afirmou Laper. Durante o encontro promovido pela Everynet (parceira da American Tower em uma rede neutra de LoRA para IoT), o executivo apontou a integração como elemento crucial para a evolução do mercado.
A leitura é que, no cenário atual, a contratação separada de dispositivos, aplicações, conectividade e outros recursos necessários para projetos de IoT estaria impedindo a escala das iniciativas. "Nem rede nem ecossistema são limitadores. O problema está na entrega, não na demanda", afirmou Laper.
O diagnóstico foi corroborado pelo superintendente de outorga e recursos à prestação da Anatel, Vinicius Caram. "Não estamos vendo ainda soluções integradas de B2B [para IoT]", apontou o servidor. Essa seria uma das razões para a baixa procura inicial da indústria por redes privativas em 3,7-3,8 GHz.
"Precisamos de alguém para fazer esse papel […], com parceiros de conectividade e solução fim a fim. Espectro tem, agora soluções ainda não estão vindo, ou estão de forma muito lenta e modesta porque falta integração", sinalizou o superintendente.
Dentre os players de quem é esperado protagonismo nesse empacotamento estão as próprias operadoras tradicionais. Líder de tecnologia, mídia e telecomunicações na Deloitte, Marcia Ogawa apontou a necessidade das empresas se tornarem mais centradas em casos de uso do que na infraestrutura propriamente dita.
Ainda de acordo com a consultora, as teles não são as únicas candidatas à tarefa de liderar a implementação de redes privativas para IoT. Fornecedores, MVNOs, integradoras de redes de menor abrangência e até mesmo as próprias companhias usuárias também têm flertado com a função.
Sucesso
De acordo com Laper, da American Tower, as verticais que já obtêm resultados no mercado de IoT – rastreamento, medição de utilities e, mais recentemente, cidades inteligentes – têm como diferencial justamente a presença de integradoras consolidadas.
Na rede neutra de IoT da empresa em parceria com a Everynet, algumas marcas relevantes já estão disponíveis. Entre elas, a viabilização ao lado da Sabesp de milhares de hidrômetros inteligentes a partir da conectividade em LoRaWAN e a automatização de 78 mil medidores de gás ao lado da Comgás, além de pilotos de iluminação pública inteligente em diferentes cidades.