Players de rede neutra defendem mudança de paradigma; integração é o caminho

Primeiro painel do Teletime Tec - Redes & Infra. Foto: Bruno do Amaral

O modelo de redes neutras já está se consolidando, e agora o desafio é investir em APIs que permitam a integração de sistemas para as operadoras, na visão dos participantes do primeiro painel do Teletime Tec – Redes & Infra, que ocorreu nesta terça, 22, em São Paulo. Os players de rede neutra afirmam que o compartilhamento de infraestrutura é a melhor saída, mas ainda há quem prefira ter redes próprias em determinados casos.

O CEO da FiBrasil, André Kriger, defende que é importante garantir a qualidade e transparência na integração das redes para diversos provedores, mas que é necessário mudar a forma de pensar no modelo de negócios de telecomunicações tradicional de construir e fazer rede própria, tendo que lidar com financiamento e licenciamento de postes. "Na rede neutra não precisa ter esse investimento inicial, é assinar o contrato e começar a vender em questões de semanas. Mas o EBITDA seria menor. Muda o mindset. Alguns provedores inovadores veem que isso faz sentido, porque se investe menos e há maior retorno sobre capital investido", declara.

Marcus Albernaz, CFO da Vero, diz que depende da localidade. "Toda cidade em que se entra tem um tempo para maturar o payback, e naturalmente que, com rede neutra, esse retorno tende a ser menor. Com rede própria, a tendência é haver melhor rentabilidade, se a empresa escolheu bem", contesta. A Vero foi um dos primeiros provedores a contratar a V.tal, mas manteve esse modelo, desde março do ano passado, confinado à operação em apenas duas cidades mineiras – Ubá e Sete Lagoas – e com cerca de 900 acessos. "No momento só estamos nessas cidades. Fechamos em agosto de 2022 um contrato com a FiBrasil também, e já estamos ativamente estudando onde vamos avançar", diz.

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Síndico

"O grande desafio é ocupar os 18 milhões de HPs, e vamos chegar em 20 milhões até o final do ano", analisa o diretor de comunicação da V.tal, Rafael Marquez. A empresa de infraestrutura já conta com "mais de 50 contratos assinados, e mais da metade já conectando casas", com uma preferência pelo modelo de operação até a ponta no FTTH. Mas ele aponta também para o modelo de negócios que não faça sentido, evitando a sobreconstrução de infraestrutura. "O modelo veio para ficar, não tenho dúvida. Mas dinheiro não aceita desaforo", diz. Para Marquez, uma forma de otimizar os investimentos é justamente oferecer a oportunidade de integração. A V.tal utiliza padrões nas APIs, além de ofertar um portal no qual o provedor cliente pode começar a gestão da rede aos poucos. 

É na integração que o diretor de fibra e desenvolvimento de negócios da American Tower, Daniel Laper, enxerga que a integração deve ser feita de modo a ficar transparente para o cliente. "A gente tem que lembrar que a operação de rede neutra é diferente da tradicional. Temos um papel até de síndico", compara. Isso porque a empresa precisa compartilhar a infraestrutura entre diversos clientes, incluindo em elementos como nas caixas nas ruas. Para tanto, a American Tower criou laboratórios de tecnologia e qualificação, pensando em viabilizar a integração de forma mais suave possível para os clientes. "A padronização é o tema. A experiência positiva é que a gente vê que todas as operadoras do mercado já estão se orientando para arquitetura semelhante, já é um pré-requisito."

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