Nos últimos anos, grande parte do crescimento do Grupo Zaaz foi baseado em aquisições de provedores de menor porte. Agora, a empresa se prepara para uma virada de chave para mirar também no crescimento orgânico.
Em entrevista exclusiva ao TELETIME, o CEO da Zaaz, Cristiano Santana, revelou parte da estratégia da operadora paulista. Entre os planos, o de construir 1,5 mil quilômetros de fibra óptica (FTTH) no Paraná. São oito municípios onde já está presente ou próximos de suas operações, focando os esforços na expansão orgânica.
Santana explica que a estratégia passa por aproveitar a infraestrutura já instalada nos postes nas cidades paranaenses. "Nessas cidades, nós temos redes, mas a nossa cobertura não está em 100%. Nos lugares onde estamos, fomos os últimos entrantes e a ocupação total dos postes já aconteceu. Não existe a possibilidade de players com situação irregular, a Copel [a concessionária de energia local] é bastante criteriosa", afirma o executivo.
Se fosse há três anos, uma expansão dessa magnitude seria mais uma entre outras no mercado de fibra óptica para banda larga, diz Santana. Hoje, porém, a iniciativa seria bastante ousada no mercado. "Nós estamos indo na direção contrária do setor."
Com o avanço no estado paranaense, sobretudo na região Norte, a rede para banda larga da Zaaz deve totalizar, em dezembro próximo, cerca de 8,5 mil quilômetros de fibra (FTTH), enquanto o backbone deve ficar em 4,5 mil quilômetros.
Atualmente, são 7 mil quilômetros de FTTH e 4 mil quilômetros de backbone – patamares bem acima dos registrados ao fim de 2022, por exemplo. Naquela época, a extensão da rede da empresa somava 2 mil quilômetros de FTTH e 1,5 mil quilômetros de backbone.
Clientes
A Zaaz também tem o plano de abocanhar mais usuários e terminar 2024 com 280 mil clientes – sendo cerca de 34 mil de forma orgânica e o restante via aquisições. Atualmente, a empresa soma cerca de 170 mil acessos.
No segundo semestre, a Zaaz deve concretizar entre duas a três aquisições, em cidades em que o Grupo ainda não está presente, e com possibilidade de atendimento ao público B2B.
Com as conversas em andamento, o executivo não dá pistas quanto às cidades, mas a estratégia passa pelo interior paulista. Para que M&As aconteçam, a Zaaz observa cidades próximas de onde já está, aproveitando as sinergias. "A gente não faz aquisição por oportunidade. Nossos M&As não foram baratos, mas ocorreram em boas condições comerciais", afirma.
Sobre oportunidades futuras, ele entende que ainda há o que ser explorado no Centro-Oeste do País e no Sul do Pará. Em comum, esses lugares contam com a intensa produção de commodities, como soja, milho e minério.
Ainda, ao menos por hora, o CEO não vê espaço para a venda para um outro grupo com maior capilaridade no mercado. "Na situação atual, não existe um possível comprador entre as companhias com potencial", afirma. A análise é que algumas delas precisam lidar com questões internas e outras já estão com projetos em andamento.
B2B
Nos planos, entram também a atenção especial no B2B. "Em 2023, nos estruturamos para ter uma atuação forte no mercado B2B, vendendo alta capacidade e serviços diversos para outras companhias e provedores. Esse movimento fortaleceu o equilíbrio entre empresas e pessoas físicas no nosso faturamento", explica o CEO.
Assim, da base atual de 170 mil clientes, 10% (em torno de 17 mil) são empresas. Há dois anos, elas eram 3%. Em outras palavras, o crescimento ocorreu de forma simultânea junto à expansão em termos de usuários. "Nós não estamos falando apenas em um provedor atender o outro, mas atender grandes empresas corporativas", diz.
Entre os setores principais, estão bancos, escritórios e, claro, o agronegócio – segmento robusto tanto no interior paulista quanto no paranaense, onde o Grupo atua. O objetivo é alcançar um nível entre 10% a 15% no B2B. Para isso, há alguns esforços em curso.
Um deles é o pacote de soluções. A Zaaz disponibiliza PABX virtual com voz sobre IP, maior capacidade de mobilidade e uma central de operações (NOC) para o nicho. "Nós trouxemos profissionais de mercado conhecidos no setor. Todo o nosso backbone é próprio e temos uma rede robusta sobre DWDM. Em praticamente todas as companhias que entregamos o link, ele é protegido por três ou quatro rotas diferentes", indica Santana.
Móvel
No varejo, outra aposta é no modelo da oferta de chips de telefonia móvel, em um modelo de white-label em parceria com a Tá Telecom. Além disso, os pacotes de banda larga têm recursos embarcados como um conjunto de itens como streaming, canais abertos (com exceção da Globo), rádios locais e em torno de 3 mil filmes renováveis com determinada frequência. A plataforma tem, ainda, o Mumo, na parte de música, e a ZaaZ Educa, voltada para cursos online.