Conectividade em aviões e mobilidade terrestre: as apostas da vez no mercado de satélites

O mercado de comunicação embarcada (in flight communications, ou IFC) não é novo para o setor de satélites, mas na Satellite 2024, que acontece esta semana em Washington, esse talvez seja o tema apontado como a grande aposta do mercado para os próximos anos.

Da mesma forma, cresce a aposta das operadoras nos segmentos de mobilidade terrestre em áreas onde não existe cobertura, como o campo, áreas de mineração e transporte de longa distância. 

O segundo dia do evento começou com uma participação do diretor de comunicação embarcada e entretenimento da Delta, Gleen Latta, ao lado do COO da Echostar (Hughes), Paul Gaske. As duas empresas anunciaram no final do ano passado um acordo para equipar mais de 400 aviões da Delta com conectividade Echostar por meio do satélite Jupiter 3 (que também opera capacidade no Brasil).

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Segundo Latta, a demanda por conectividade dentro das aeronaves não vai parar de aumentar. Isso reflete um comportamento geracional do público da aviação, mas também a ampliação de serviços que requerem conectividade permanente. Segundo o executivo, a conectividade aumenta muito a lealdade dos clientes da companhia aérea, ainda mais quando o acesso é condicionado à adesão aos planos de milhas.

"Ganhamos mais de 1,5 milhão de membros (do nosso programa de fidelidade) depois de incluir a conectividade", diz. 

Complexidade

Mas o desafio é gigante para as companhias aéreas. Só a Delta tem mais de 150 mil telas, e o principal problema é fazer sistemas que tenham longa duração.

"No futuro, queremos poder oferecer experiências personalizadas a cada usuário, como se cada tela fosse um computador pessoal ou um smartphone", diz Latta. Mas ele traz uma dificuldade: "não se muda os equipamentos dentro de um avião como quem troca de smartphone. Eles precisam ter uma vida útil muito maior".

Outro desafio é o balanço entre confiabilidade, cobertura e capacidade, e por isso as empresas de satélites estão apostando na capacidade multi-órbita. Pelo menos essa é a aposta da Intelsat e da SES.

Já do ponto de vista do operador de conectividade, diz Paul Gaske, da Echostar, além de manter a capacidade dos satélites compatível com as necessidades de uso à bordo, existe um esforço de desenvolvimento de aplicações e gestão de tráfego, "o que passa inclusive pelo uso de inteligência artificial, para saber como otimizamos a cobertura e remanejamos os beams".

A revolução da conectividade embarcada está acontecendo ao mesmo tempo em que uma nova geração de satélites começa a ganhar protagonismo, com coberturas inteligentes e flexíveis, e esse tipo de combinação entre demanda (por conectividade) e soluções tecnológicas mais robustas é o que está transformando a indústria.

Mobilidade terrestre

Ao mesmo tempo em que muito se fala sobre conectividade de aeronaves, a conexão para mobilidade terrestre também cresce, com acordos com companhias de transporte, empresas de mineração, empresas de maquinários agrícolas e outros setores que têm demanda por conectividade. 

Em outro painel, o novo presidente da SES, Adel Al Saled, mencionou que o recente acordo entre a Starlink e a John Deere: "O acordo da John Deere e a Starlink é interessante porque nos faz pensar em outras soluções e modelos. Não é o tipo de acordo que a gente buscaria, mas mostra que existem outros caminhos possíveis", disse.

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