Ferramenta considerada essencial na coordenação de novos modelos de uso de espectro como o acesso dinâmico, os sistemas de coordenação de frequências (AFC, na sigla em inglês) têm sua efetividade questionada pelos maiores grupos de telecom do Brasil. Já empresas de pequeno porte reunidas na Abrint defendem a tecnologia.
A divergência entre operadoras nacionais e regionais foi evidenciada durante a consulta pública da Anatel sobre o Regulamento de Uso de Espectro (RUE). Na ocasião, a TIM disparou: "Ferramentas de Coordenação Automática de Frequência (AFC) ainda não são sistemas efetivos para controle de interferências em sistemas coexistentes, com poucos exemplos e com muitos testes coroados de insucessos, internacionalmente".
Abordagem similar foi adotada pela GSMA, que representa as principais operadoras em nível global e também pela Acel, que reúne as prestadoras móveis brasileiras. "Embora estejam em andamento estudos e ciclos de avaliação sobre acesso dinâmico, ainda há grande incerteza em relação às ferramentas de Coordenação Automática de Frequência (AFC)", afirmou esta.
"O setor se preocupa com efeitos negativos do uso dinâmico do espectro e entende que ainda há necessidade de detalhar melhor o seu processo e realizar validação por meio de comprovação científica e empírica da sua efetividade", prosseguiu a Acel, sobre o AFC.
"Tomando como exemplo o estabelecido nos EUA e Canadá, por exemplo, existem restrições ao uso de pontos de acesso em movimento (tais como carros, trens e aeronaves pequenas) causado pelas complicações de se usar um AFC para controlar o acesso de frequência em mobilidade e por causa das propriedades de atenuação incertas desses veículos", concluiu a Acel. TIM e GSMA ainda afirmam que o uso da ferramenta nos Estados Unidos gera perda do uso eficiente do espectro para todos os usuários da faixa.
Outro lado
Em posição distinta está a Abrint, entidade que representa provedores regionais e que também trabalha na adequação de um sistema AFC para a realidade brasileira – o que pode permitir um uso outdoor da faixa de 6 GHz, por exemplo.
"A adoção de soluções tecnológicas (e o investimento em banco de dados georefenciado tal como se se fundamenta a abordagem do Dynamic Spectrum Access – DSA) como o LSA (Licensed Spectrum Access), TVWS (TV White Spaces) , especialmente o AFC (Automatic Frequency Coordination), permitem, sem prejuízo do seu uso primário, identificar o espectro utilizável, manter informações detalhadas das redes, garantir não interferência e coordenar seu uso de forma eficiente", afirmou a entidade.
Assim, ao adotar a tecnologia o Brasil estaria se equipando com ferramental suficiente e capaz de reconhecer a essencialidade do espectro para a habilitação de diferentes modelos de negócios.
Quem também saiu em defesa do AFC foi a Qualcomm – ela mesma uma das operadoras aprovadas para o sistema nos Estados Unidos.
"A Qualcomm reconhece o AFC como uma ferramenta inovadora que oferece controle dinâmico do uso de frequências. Esta nova abordagem pode simplificar o processo de coordenação e melhorar a eficiência espectral, permitindo uma utilização mais dinâmica e adaptável do espectro de radiofrequências. A capacidade de mitigar eficazmente interferências prejudiciais é fundamental para garantir a qualidade e a confiabilidade das comunicações sem fio", afirmou a fornecedora.