Algar Telecom quer custear retirada de rede de cobre com venda do metal

Osvaldo Carrijo, da Algar Telecom

Preparando uma retirada total da rede de cobre de sua área de concessão, a Algar Telecom tem planos de custear o processo a partir da própria monetização da matéria-prima. A operadora mineira estima que até 8 mil toneladas de cobre podem ser retiradas de operação.

Ao TELETIME, o projeto de modernização de rede (batizado como Fibra Verde) foi detalhado pelo vice-presidente de InfraCo e atacado da Algar Telecom, Osvaldo Carrijo. A previsão é que a retirada nas 87 cidades da concessão da Algar seja concluída até 2025, exigindo também a migração de milhares de clientes.

"O objetivo é conseguir subsidiar os custos do trabalho com a própria venda do cobre", revelou Carrijo. A Algar está começando a calcular a relevância financeira da empreitada, uma vez que até o momento somente 47 toneladas de cobre em duas cidades e bairros selecionados foram retiradas.

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O VP da Algar lembra que o processamento para reuso do material (como a retirada de todo o envelopamento dos cabos) é complexo e envolverá trechos de rede com idade próxima à da própria empresa, que opera há 69 anos. Ainda assim, a expectativa é de interesse do mercado pela matéria-prima, considerada nobre e com comercialização "bastante efetiva" por conta da demanda de setores como o elétrico.

"O cobre com origem comprovada tem espaço muito positivo no mercado e destinação que rentabiliza. Nossa previsão é, se não conseguirmos subsidiar 100%, pelo menos ficar muito próximos de ter subsídio [total] do próprio cobre para o trabalho de retirada", afirmou Carrijo.

Em paralelo, uma redução dos custos operacionais com o projeto também é esperada pela operadora. "Hoje somos obrigados a gerenciar e manter duas redes diferentes, o que representa um custo adicional", notou o executivo.

Clientes e concessão

Ainda segundo Osvaldo Carrijo, a etapa de migração de clientes para a fibra pode ser até mais complexa do que a engenharia para a retirada da rede de cobre das ruas. Na banda larga fixa a base atendida pelo legado não ultrapassa os 2%, mas centenas de milhares de clientes de voz fixa ainda são suportados pela rede metálica, incluindo corporativos e governamentais.

Segundo Carrijo, a migração deverá ser cuidadosa no tratamento com clientes e não envolverá custo extra pelo upgrade de tecnologias, até para mitigar eventuais resistências. Em caso de alguns serviços fruto de licitação com governos, a Algar avalia que alterações contratuais podem ser necessárias.

Nos sistemas da Anatel, mais de 900 mil acessos em cobre na telefonia fixa são reportados pela operadora mineira. Ao TELETIME, a empresa explicou que o número de clientes é menor que isso pelo fato de muitos deles possuírem diversos links de voz.

De qualquer forma, as redes de cobre são parte relevante da concessão de telefonia fixa detida pela Algar. A operadora avalia que mais de 2 mil telefones públicos ainda sejam suportados pela tecnologia a ser substituída. Carrijo conta que a Anatel foi notificada sobre o projeto, considerado "um procedimento normal de mudança de tecnologia".

"Dentro do nosso modo de entender a Anatel vê isso de forma positiva. O objetivo é melhorar o serviço e há toda uma pegada ESG de reciclagem de acordo com as recomendações ambientais e de eliminação da poluição visual", afirmou o vice-presidente de InfraCo e atacado da Algar.

Mercado

Nesta quarta-feira, 15, o interesse do mercado pela rede de cobre de outra empresa de telecomunicações brasileira – a Oi – também foi destacado por TELETIME. No caso, a "sucata" da rede legada da operadora interessa à V.tal e à RK.

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