Junto aos resultados de 2023, a Algar Telecom divulgou nesta sexta-feira, 26, que identificou R$ 15 milhões capitalizados indevidamente em balanços do ano passado – o que levou a uma correção dos números e uma provisão de R$ 73 milhões para possíveis perdas, visto que a extensão do problema ainda está sendo avaliada.
A averiguação foi a causa do adiamento na divulgação do balanço da operadora mineira, anunciado no último mês de março. No foco, estão lançamentos e baixas no ativo imobilizado da companhia, envolvendo gastos relacionados a obras em andamento e capitalizações errôneas de determinados desembolsos com manutenção de redes.
O tema chegou à atenção da Algar após denúncia recebida pelo canal de ética da operadora. Assim, o conselho da companhia mandatou um comitê especial com membros das áreas de auditoria e gestão de riscos da Algar, além de assessores externos independentes.
"Durante as análises, foram identificados itens de aplicação mista, para os quais há análise e julgamento, podendo ser classificados tanto como capex quanto como opex. Apurou-se que, devido à ausência de integração entre os sistemas contábil e auxiliar e à falha nos controles, R$ 15 milhões haviam sido capitalizados indevidamente em 2023, ao invés de terem sido contabilizados como opex", afirmou a operadora.
A mesma averiguação apontou que outros itens podem ter sido capitalizados equivocadamente, também em razão das diferenças entre os controles de aplicação física versus a contabilidade. A Algar apontou necessidade de aprofundamento adicional do pente fino, mas já constituiu provisão para perda de R$ 73 milhões, com base na melhor estimativa disponível no momento.
As cifras inclusive impactaram o resultado da Algar no ano passado, contribuindo para prejuízo de R$ 152 milhões registrado pela companhia em 2023.
Algar tem prejuízo de 152 milhões em 2023, mas avança no varejo
Ao relator o episódio, a companhia admitiu ainda uma deterioração de determinados controles chave da operação. Por isso, a administração decidiu avaliar também a segurança e a acuracidade dos controles internos relacionados a contratos de arrendamentos. Isso envolve novas medidas de controle da aplicação física de ativos e investimentos para maior automação possível desse processo.
A empresa afirma que a questão não implica em alterações de saldo de caixa e dívida, tampouco quebra de covenants de empréstimos e financiamento.