Empresas e governo mapearão crises envolvendo PGMU III

Os presidentes de todas as concessionárias de telefonia fixa encontraram-se nesta segunda-feira, 13, com o ministro das Comunicações, José Arthur Filardi, e com o futuro titular da pasta, ministro Paulo Bernardo, para discutir a possibilidade de abertura de uma mesa de negociações sobre o novo Plano Geral de Metas de Universalização (PGMU III). Todos os executivos deixaram o ministério sem falar com a imprensa, mas o clima do encontro teria sido ameno, segundo o ministro Filardi. Foi dito às concessionárias oficialmente que o governo está disposto a negociar as metas, mas apenas se as empresas retirarem as ações judiciais que movem contra o PGMU e a Telebrás na Justiça do Rio de Janeiro, conforme antecipou este noticiário na edição da última quinta-feira, 9.
Caso as empresas concordem com as condições apresentadas, o governo comprometeu-se a adiar a edição do novo PGMU pelo tempo que for necessário para que um acordo se estabeleça, disse o ministro. Na cúpula do Palácio do Planalto, a aposta é que o adiamento poderia durar até quatro meses. Filardi, mais otimista, acredita que tudo poderia se resolver "em 30 ou 40 dias". O ministro acredita que as teles acabarão retirando as ações em prol do diálogo com o governo.
"Eles (os executivos) falaram que as ações foram mesmo apresentadas por uma falta de conversa com o governo sobre o PGMU, mas que não veriam problemas em retirá-las", afirmou Filardi. Os executivos só não se comprometeram plenamente em atender a condição imposta pelo governo porque ainda teriam que falar com os acionistas das companhias para formalizar uma decisão.

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Mapeamento
Uma nova reunião deverá ser agendada ainda nesta semana caso as ações sejam retiradas rapidamente pelas empresas. Até lá, governo e teles concordaram em compor uma mesa técnica de análise do PGMU, onde serão mapeados os pontos de divergência. O primeiro encontro técnico ocorrerá nessa terça-feira, 14, no Ministério das Comunicações. Participarão dessa mesa técnicos do Minicom, das teles e também da Anatel. O presidente da agência reguladora, embaixador Ronaldo Sardenberg esteve no encontro de hoje com os executivos juntamente com seu assessor, José Bicalho, que deverá representar a Anatel no encontro técnico. Da parte do ministério, a coordenação técnica deverá ser feita pelo secretário de Telecomunicações, Roberto Pinto Martins.
Impasses
Filardi antecipou que as divergências estão concentradas em três aspectos do PGMU III: custos e meios de financiamento; conceito de backhaul; e metas de universalização em áreas rurais. Com relação aos custos, o dilema está na diferença entre as contas feitas pela Anatel e as elaboradas por auditorias contratadas pelas empresas. No caso do backhaul, o problema está na falta de uma conceituação precisa dessa rede, especialmente sobre o que seria público e o que seria privado nessa infraestrutura. Por fim, a telefonia rural entrou na berlinda por conta do destino incerto para a faixa de 450 MHz. Havia uma previsão por parte das empresas de que essa faixa seria cedida às teles, mas o governo, por meio da Telebrás, tem mostrado interesse em usar, ele mesmo, essa faixa de radiofrequência para expandir o acesso banda larga a áreas remotas. Sem o uso do 450 MHz, as metas sugeridas pela Anatel estariam inviabilizadas.
O governo também aproveitou o encontro com as teles para, mais uma vez, tranqüilizar os executivos com relação aos planos de atuação da Telebrás. Filardi contou que o ministro Paulo Bernardo fez questão de frisar que a estatal não deverá atuar como uma competidora, "mas sim como uma agregadora". O objetivo do discurso era claramente minimizar a possibilidade de que um novo embate jurídico em torno da Telebrás tumultue as negociações do PGMU.
Nenhum encaminhamento foi acertado com relação à votação iminente do PGMU pelo Conselho Diretor da Anatel. Segundo fontes presentes à reunião, ainda há a expectativa de que um acordo possa ser construído em torno de um PGMU III ainda este ano, a tempo de que o contrato seja assinado logo no começo do ano. Outro ponto pacífico, segundo interlocutores do governo, é que não se assinará contrato sem o PGMU.
Acontece que o PGMU III está na pauta do conselho para deliberação nessa quinta, 16, mas o processo ainda não foi distribuído aos gabinetes pela relatora, conselheira Emília Ribeiro. O ministro José Filardi disse que, pessoalmente, não defende uma votação apressada da agência neste momento de negociação pois isso "poderia passar a impressão errada" às empresas, sugerindo que o governo não estaria realmente disposto a rever o documento. A reunião desta semana é a última agendada para 2010.

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