As operadoras de cabos submarinos Angola Cables e Ellalink firmaram um acordo de cooperação onde a operadora africana poderá usar o cabo Brasil-Europa da nova parceira, em um acordo comercial de compra de capacidade.
A iniciativa deve viabilizar para a Angola Cables rotas submarinas ligando América do Sul, África e Europa. Em um primeiro momento o acordo foi reportado como um acordo de troca de capacidade, em informação depois retificada pela empresa angolana.
Na parceria, a Angola Cables poderá oferecer serviços a partir do cabo da Ellalink, que liga Fortaleza e Lisboa (Portugal). A previsão é de menor latência em serviços de peering e trânsito IP na rota.
"Vamos adicionar ao nosso portfólio de IP o que nos faltava, ou o link direto para Europa sem passar nem pelos Estados Unidos nem pela África", destacou o CEO da Angola Cables, Ângelo Gama, durante o evento Capacity Latam realizado em São Paulo nesta terça-feira, 12.
"Essa será uma oportunidade fantástica de mostrar o que pode ser feito por companhias com intenções similares e redes complementares", afirmou o vice-presidente global de vendas da Ellalink, Vlad Ihora, também durante o Capacity Latam. Vale lembrar que o cabo submarino da operadora tem extensão até a Guiana Francesa contratada e pode chegar até a cidade de Belém.
Latência e redundância
No caso da Angola Cables, Ângelo Gama projetou uma redução média de 31% na latência Brasil-Europa a partir da nova parceria, se comparado com os resultados da rota que passa necessariamente pela América do Norte. Após as declarações, a empresa também divulgou projeções detalhadas para latência entre diferentes cidades após o acordo.
As vantagens da rota alternativa devem beneficiar também o mercado do sul da África, sobretudo após desafios enfrentados em 2023. No ano passado, uma série de cabos que ligam a África subsaariana à Europa foram rompidos por conta de condições climáticas no Rio Congo, exigindo que as comunicações entre as duas regiões passassem por Brasil e Estados Unidos. Com a conexão direta entre Brasil e Europa, diminui a necessidade de passagem pela América do Norte.