Angola Cables detalha planos de novo data center na Praia do Futuro

Foto: Divulgação/Angola Cables

Com planejamento da construção de um novo data center na Praia do Futuro (Fortaleza) apesar da polêmica envolvendo a chegada de uma usina de dessalinização na região, a Angola Cables pretende investir entre US$ 40 milhões e US$ 50 milhões no projeto e atrair grandes empresas de Internet para o hub. Mas a previsão de grande consumo energético por conta da demanda por inteligência artificial é fator de atenção.

O detalhamento foi feito pelo CEO da operadora angolana, Ângelo Gama. Ele afirmou para jornalistas nesta terça-feira, 12, durante o evento Capacity Latam, que há expectativa de iniciar a construção do segundo data center na Praia do Futuro (o AngoNAP II) neste ano e tê-lo operacional no ano que vem.

"Estamos investindo porque há demanda por colocation na região e ela vai aumentar. Nós enchemos o primeiro data center e naturalmente precisamos colocar um segundo. Temos clientes no roadmap que já vão quase garantir a viabilidade do investimento", indicou Gama.

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A decisão não foi prejudicada pelos planos da companhia estadual de saneamento do Ceará (a Cagece) de estabelecer uma usina de dessalinização na Praia do Futuro, em projeto que gera grande oposição das operadoras de telecom. Vale lembrar que o movimento da empresa chegou a ser classificado pela Cagece como prova que a obra poderia conviver com cabos submarinos e demais infraestruturas na Praia do Futuro.

Já para Gama, por se tratarem de negócios diferentes, o impacto da usina sobre data centers seria diferente daquele temido nas estruturas de cabos submarinos. "[A usina] interfere na Praia do Futuro sim, mas data center é em teoria um negócio imobiliário", afirmou Gama.

"Espero que a usina não interfira na certificação [Tier 3] até porque o segmento dá muita rentabilidade e projeção para o estado do Ceará", completou o executivo, ao ser questionado por TELETIME sobre possível impacto da obra de saneamento na classificação de confiabilidade do novo data center da Angola Cables.

De qualquer forma, Gama fez questão de frisar que o diálogo com autoridades competentes tem sido liderado por entidades setoriais das operadoras de telecom. "Elas estão cuidando do tema e vamos chegar a uma resolução que seja melhor para todo mundo e para o estado do Ceará", afirmou o executivo.

Investimentos

A Angola Cables (que adotou a marca TelCables Brasil para o mercado nacional) também realizou um redimensionamento do investimento previsto para o novo data center. O movimento prevê um projeto "mais comedido" do que o originalmente planejado por conta de projeções de demanda energética, no bojo da demanda por processamento para cargas de inteligência artificial.

Assim, o resultado será um data center com implementação de capacidade de maneira faseada. Ele começará provavelmente com capacidade de 16 megawatts (MW), com expansão dependendo da disponibilidade energética e seus custos, além da demanda dos contratantes.

"O que tínhamos previsto inicialmente está sendo revisto, porque estamos assistindo uma dinâmica muito grande em termos de consumo de energia, com mais GPUs [unidade de processamento de elementos gráficos] do que CPUs [unidades de processamento central]. Isso tem a ver com a inteligência artificial, onde tudo precisa ser processado em GPUs", afirmou Gama. Normalmente, os custos de energia representam 70% em um projeto de data center, calcula.

Ainda segundo Gama, enquanto um rack de CPUs tradicional consome até 3,5 kilowatts (kW) de energia, racks mais modernos de GPUs podem demandar bem mais energia, chegando a 16-17 kW. "Temos consciência que vamos consumir muito mais energia e estamos a pensar em como deixar o menor impacto possível na natureza com o projeto. Já estamos conversando com parceiros para garantir que toda energia do data center seja verde".

A preparação para IA tem a ver com a intenção da Angola Cables de atrair grandes empresas para a região de Fortaleza, na esteira dos novos investimentos. "Queremos atrair os grandes OTTs para fixar residência em Fortaleza, fazendo com que todos os investimentos tenham rentabilidade e tornando a cidade em um centro de negócios". (Matéria atualizada em 13 de março)

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