Anatel: conexão satélite-celular é 'projeto de governo' e opção para rodovias

Rodrigo Gebrim. Foto: Elaine Ballog/Fórum das Operadoras Inovadoras

A consolidação do modelo de conexão direta entre smartphones e satélites (D2D, na sigla em inglês) pode ajudar a solucionar lacunas de cobertura no Brasil, como as existentes em rodovias. Essa é a avaliação feita pela Anatel durante o Fórum das Operadoras Inovadoras, que teve início nesta terça-feira, 9, em São Paulo.

Gerente de espectro da agência, Rodrigo Gebrim classificou o D2D como um projeto de Estado, dada a relevância que o País tem conferido à pauta em fóruns internacionais. "Essa é uma tecnologia que estamos apostando bastante e que é um projeto de governo brasileiro", afirmou o servidor, durante o evento promovido por TELETIME e Mobile Time.

No modelo vislumbrado pela Anatel, as redes de satélites devem funcionar como elemento complementar às terrestres, atendendo lacunas de cobertura como as existentes em rodovias, através de parcerias entre as teles e operadoras satelitais. A dinâmica permitiria o atendimento de módulos de Internet das Coisas (IoT) e, em um segundo momento, de voz e dados.

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"Imaginem por exemplo se os compromissos de investimentos assumidos pela Winity no leilão 5G ao longo de rodovias pudessem ser feitos via satélite", ilustrou Gebrim, em referência à faixa de 700 MHz devolvida pela empresa de infraestrutura.

"Mas antes, vamos ter que trabalhar uma série de critérios de cobertura e qualidade. Sabemos que a qualidade das redes satelitais não será a mesma da terrestre, então quais parâmetros serão aceitáveis?", questionou o gerente da Anatel.

Para avaliar o tema, a Anatel já conta com um sandbox regulatório para o D2D, com regras temporárias e mais flexíveis para avaliação do modelo. A primeira parceria dentro do sandbox será entre a Claro e a operadora satelital AST SpaceMobile – que no Brasil também tem parceria com a TIM.

Neste sentido, Gebrim destaca que o D2D vai depender sempre de um acordo comercial entre a operadora móvel tradicional e a empresa de satélites. "Não estamos pensando em habilitar satélites como novas operadoras, mas sempre como um uso complementar", frisou.

Dessa forma, a ideia da Anatel (já presente na nova proposta de PDFF atualmente em consulta pública) é que as satelitais possam usar o espectro hoje detido pelas operadoras móveis em caráter secundário. Além da AST SpaceMobile, Starlink, Kuiper, Eutelsat OneWeb, Sateliot e Omnispace seriam outras empresas vistas como candidatas no modelo.

Desafios

Há, contudo, desafios. Um deles é a cibersegurança – sobretudo em como garantir que os dados de usuários estejam seguros nas redes das operadoras internacionais de satélites, avalia a Anatel. "Esse é um grande desafio que temos pela frente", reconhece Rodrigo Gebrim.

Outro ponto a ser superado é a integração tecnológica de redes, passando de modelo onde as teles têm controle fim a fim da infraestrutura para um novo, onde usuários poderiam trafegar na rede satelital de terceiros. Já um terceiro desafio trata da própria viabilidade econômica da empreitada. "O modelo precisa parar em pé para todas as partes", afirma Gebrim.

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