Ericsson vê demanda 5G aquecida no Brasil, na contramão global

Rodrigo Dienstmann, presidente da Ericsson Latam South

Mesmo com a visão pouco otimista para o mercado global de redes móveis neste ano, a perspectiva para o Brasil no segmento é positiva em 2024, avalia a fornecedora de equipamentos Ericsson.

A leitura é de Rodrigo Dienstmann, presidente da companhia no Cone Sul da América Latina. "O mercado global de infraestrutura está mostrando tendência de estabilidade e até pequeno decréscimo daqui para frente, mas o Brasil não está seguindo essa tendência. Estamos em momento de crescimento", afirmou o executivo, durante conversa com jornalistas nesta sexta-feira, 8.

Segundo ele, entre os fatores que têm afetado a demanda global está a desaceleração no mercado norte-americano, após investimentos pesados no começo do ciclo do 5G. O movimento seria compensado pela alta na demanda em alguns países emergentes – com destaque para a Índia -, mas não de maneira completa.

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No caso do Brasil, o entendimento é que o formato do leilão 5G de 2021 – que trocou espectro por obrigações de investimento – seguirá como grande responsável por manter a demanda aquecida, ao menos na quinta geração de redes. No 4G, o cenário é um pouco distinto.

"As operadoras estão vendo que investir em 5G é muito mais eficiente do que em 4G. Então se elas puderem evitar investir no 4G, elas vão evitar", notou Dienstmann – não sem destacar que deixar a tecnologia de quarta geração de lado ainda é impossível, por conta do parque de smartphones brasileiro majoritariamente atendido pelo 4G. No horizonte também está um possível interesse de provedores regionais na tecnologia

"[Já] o 5G está se expandindo e no Brasil crescemos fortemente em adoção, fechando ano passado com cerca de 20 milhões de usuários", lembrou Dienstmann. O executivo da Ericsson nota que o contingente representa praticamente 70% das ativações na América Latina, que somaria hoje 28 milhões de acessos 5G.

Vizinhos

Sobre demais mercados da região, Dienstmann recorda que a Argentina realizou recentemente seu leilão 5G e que um novo certame no Chile está marcado para este mês, o que também deve influenciar a demanda na América Latina.

Outro mercado interessante seria a Colômbia, dona de geografia e condições que favoreceriam ofertas de banda larga fixa via redes 5G (o FWA 5G). A empresa acredita no protagonismo da tecnologia em regiões sem penetração de fibra óptica ou remotas. "As apostas de FWA na Colômbia eu diria que são as mais promissoras da América do Sul", notou o executivo da Ericsson.

Vale lembrar que entre as futuras operadoras 5G da Colômbia está a brasileira Telecall. Em paralelo, outro país que teria características similares às colombianas é o Peru, mas com cronograma 5G relativamente mais atrasado.

MWC 2024

"A perspectiva é que investimentos [em 5G] continuem, não só para colocar capacidade, mas para criar novos modelos de negócios […] como de redes diferenciadas, programáveis e abertas a desenvolvedores para novos modelos de negócios", prosseguiu Dienstmann.

Neste sentido, o executivo que lidera a Ericsson na região reiterou a monetização dos investimentos já realizados pelas operadoras como grande prioridade da indústria, como ficou evidente durante o Mobile World Congress de 2024, realizado em Barcelona.

"Se há um ano a grande pergunta era como o 5G ia aumentar retorno ao investimento, em uma pergunta com um quê de ceticismo, neste ano posso dizer que o ceticismo caiu muito e o número de respostas aumentou", afirmou o CEO.

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