A TIM detalhou melhor a estratégia do spin-off de infraestrutura de fibra, a FiberCo nesta quinta-feira, 6, durante teleconferência de resultados e em coletiva de imprensa. A companhia reforçou que o acordo com a IHS – que sairá com 51% do capital da nova empresa – foi feito do ponto de vista industrial, e não financeiro. Ou seja: a nova empresa será completamente focada no apoio à expansão da infraestrutura de última milha em fibra da TIM. E assim, fica aberta a possibilidade de ter uma parceria com InfraCo da Oi, por exemplo, para o transporte e backhaul.
A FiberCo terá seis meses de exclusividade com a TIM em que a operadora será a sua única cliente. E a operadora é que determinará a estratégia de expansão, onde será implantada a cobertura. Essa característica determina que a nova empresa será diferente da InfraCo da Oi e mesmo da FiBrasil da Vivo, que teriam uma abordagem focada também no transporte e mais independente das operadoras originais.
"Nos modelos do mercado brasileiro, a última milha poderá ser entregue por qualquer operador", declara o CEO da TIM, Pietro Labriola. "No nosso modelo, uma vez que a gente construa a infraestrutura, outro operador [interessado] terá que esperar os seis meses de exclusividade da TIM". Depois desse período, a FiberCo é livre para ofertar o acesso a qualquer empresa.
Rede não neutra
Labriola não enxerga uma competição com a InfraCo da Oi, por exemplo. Segundo ele, no passado havia dificuldade de negociar a fibra em backbone e backhaul no atacado com a operadora justamente pela competição no mercado de celular, mas a venda da unidade móvel e a separação industrial permitiria esse tipo de contratação. "É muito provável que a gente compre backbone ou backhaul da InfraCo da Oi, se o preço for competitivo."
O executivo reforça que o acordo com a IHS não é de vender toda infraestrutura de rede, embora isso não signifique que a operadora possa solicitar à FiberCo construir backhaul em uma cidade específica. "Somos nós que vamos sugerir as áreas de cobertura e que vamos garantir a compra da conectividade da última milha desta empresa. Digamos que é como se fosse um braço da TIM especializado em last mile. Não é uma empresa de construção de rede neutra".
A separação da FiberCo permitirá também à TIM focar mais nos preparativos para a incorporação de ativos da Oi Móvel, deixando a rede de acesso de fibra para o novo veículo. "A criação da empresa permitirá ter foco completo nessa tarefa de última milha, tendo o ponto de vista operacional da companhia totalmente focado nesta atividade."
Expansão
O planejamento da FiberCo é de alcançar 8,9 milhões de casas passadas (HP, na sigla em inglês) com fibra até a residência (FTTH) em três anos. Embora a empresa preveja redução de 3 milhões para 1 milhão de acessos em fibra até o gabinete (FTTc), usada hoje na TIM Fiber, essa tecnologia ainda não será completamente desligada. A estratégia, segundo Labriola, é de migrar parcialmente em algumas áreas, sobrepondo essa última milha pelo FTTH onde for mais necessário para maximizar o retorno.
Assim, a FiberCo terá como objetivo o que foi programado no plano industrial da TIM para os próximos quatro ou cinco anos em termos de novas cidades e bairros, segundo o CFO da operadora, Adrian Calaza. Os demais contratos pós-período de exclusividade ficarão abertos, e serão um componente da receita, embora o executivo não tenha dado estimativa de qual seria a fatia. "A gente quer fazer parte do negócio, por isso estamos mantendo cota minoritária, mas relevante", disse.