Às vésperas do lançamento de um novo satélite, a Viasat passa a ofertar comercialmente neste mês o serviço residencial de banda larga pré-paga. Batizado de Viasat Turbo, o produto é fruto dos testes que a operadora tem realizado desde 2019 com o serviço de Internet para comunidades, sobretudo em regiões carentes de infraestrutura. Segundo contou ao TELETIME a diretora de marketing e vendas da companhia, Juliana Teixeira, a comercialização e operação do serviço já começou no interior do Ceará, com expansão para Piauí e Bahia – inicialmente, o Nordeste será o foco, mas há previsão de expansão para outras regiões ao longo deste ano.
O começo no mercado cearense aconteceu por ser considerado um dos mais desafiadores. "Sabíamos que encontraríamos um mercado complicado, porque a maior penetração de fibra é no Ceará. Nossa ideia era testar onde era mais difícil para desenhar um produto que, de fato, tenha esse 'match' com a população local", declarou a executiva.
Também na região foi encontrado um cenário mais condizente com a realidade que a Viasat observou no País. Os testes iniciais com WiFi Comunitário em São Paulo em 2019 mostraram que a realidade era diferente do que foi observado em outros mercados na América Latina. "Diferente do México, as pessoas aqui, mesmo sem conectividade, já têm smartphone porque usam quando viajam, seja WiFi ou em rede móvel. Então não adiantava ter um produto em single hotspot", conta Teixeira.
"Chegamos à conclusão que nossos clientes de classes menos favorecidas não queriam ficar de baixo de uma barra ou mercado." A partir daí, a empresa optou por fornecer conectividade com solução de banda larga fixa.
Escala
Para tanto, a Viasat implanta uma CPE na região desejada, utilizando a capacidade satelital como backhaul e oferecendo a última milha com tecnologias como rádio ou mesmo fibra na região em um raio de 5 km. Os locais escolhidos são justamente onde há dificuldades de acesso, como relevo ou falta de infraestrutura. "Geralmente são localidades pequenas, com distanciamento entre as casas", diz, citando micropovoados que não chegam nem a aparecer em setores censitários do IBGE. "Não chegam a ser cidades, são casas espalhadas, e aí vamos juntando elas [no raio de cobertura], costurando, sendo ponto ou multiponto, juntando uma conexão na outra."
Os planos do Viasat Turbo custam a partir de R$ 85, podendo variar conforme a localidade. O contato é feito por meio de parceiros comerciais locais ou por canais digitais como WhatsApp. A partir de agora, o time comercial da operadora passará a atuar com a nova oferta. A diretora da operadora explica que há um grande interesse demonstrado no boca-a-boca, considerando o perfil de moradores que costumam viajar entre as cidades e povoados para trabalho, comércio ou lazer. A forma de equacionar o modelo de negócios é a seleção da localidade com potencial de expansão, diz.
Assim, a Viasat pretende ganhar escala com a oferta, que atualmente conta com uma base de cerca de mil clientes que realizam recarga regularmente. "A ideia é começar pelo Nordeste, que é onde há a maior lacuna de conectividade, e depois seguir para o restante do Brasil no final do ano", conta, ressaltando que o planejamento pode se alongar na medida em que a empresa for descobrindo novas localidades (e dificuldades). "Tem casos onde não há energia: a gente instala o backhaul de satélite, mas também tem placa solar, para que funcione e entregue o sinal nessas localidades", declara.
Novo satélite
Juliana Teixeira explica que a nova oferta apenas coincidiu com o lançamento do ViaSat-3, o primeiro dos três satélites geoestacionários da operadora e que deverá cobrir as Américas. O artefato será enviado ao espaço a partir da base do Cabo Canaveral, na Flórida (Estados Unidos) – se tudo ocorrer bem, no próximo dia 18 de abril. "A data foi coincidência, porque o Viasat Turbo já estamos planejando e ajustando há anos", contou ela a este noticiário. "Com o lançamento de três satélites geoestacionários para cobrir o mundo inteiro e com tanta capacidade, isso vai trazer uma inovação absurda, cobrindo áreas marítimas e terrestres com tecnologia diferente", observa.
