Além de apresentar o balanço financeiro do segundo trimestre com quedas na receita e no lucro líquido após forte impacto da pandemia do novo coronavírus (covid-19), a Telecom Italia (controladora da TIM) também revelou um avanço nas negociações com o governo italiano para formação de uma rede neutra nacional no país europeu.
Em comunicado publicado nesta última terça-feira, 4, o conselho de administração da empresa considerou como "muito favorável" a aceleração do projeto de rede fixa única, nomeando o CEO, Luigi Gubitosi, para novas negociações. Desejo antigo do governo italiano, a iniciativa envolveria uma integração de ativos fixos com a Open Fiber (joint-venture da companhia de energia Enel e do banco CDP, ambos de controle estatal).
No mesmo comunicado, a Telecom Italia também revelou o adiamento, para o fim de agosto, da avaliação de uma proposta vinculante do fundo KKR por participação minoritária em seu novo veículo de redes neutras. A decisão seguiu pedido do governo e foi considerada um sinal positivo para a formação da rede única nacional. Nesta quinta-feira, 5, as ações da empresa na bolsa de Milão valorizaram 3,99%.
Durante teleconferência realizada também nesta quinta-feira, Gubitosi rechaçou a interpretação que uma interferência governamental tenha ocorrido na empresa. Por outro lado, pontuou que as negociações sobre a rede única ainda não têm desfecho certo. "Não podemos garantir que haverá um acordo, pois tem que ser algo que faça sentido para nós", afirmou. Um dos pontos em aberto é o interesse da Telecom Italia em exercer o controle da rede nacional.
FiberCop
Mesmo adiando em um mês a análise da proposta do KKR, a operadora tem indicado que a transação negociada com o fundo não seria impeditivo para a formação da rede única nacional ao lado da Open Fiber. Pelo contrário: o movimento foi classificado como um passo fundamental para a consolidação do modelo, inclusive possibilitando que demais empresas invistam na empreitada futuramente.
Batizado como FiberCop, o novo veículo planejado pela Telecom Italia deve reunir em uma empresa separada a infraestrutura passiva de última milha pertencente ao grupo, seja em fibra ótica ou em cobre. A proposta do KKR (negociada há 18 meses) é de 1,8 bilhão de euros por 37,5% da FiberCop, que teria valor de mercado de 7,7 bilhões de euros. Já o backbone de fibra seguiria integralmente com a Telecom Italia.
Números
De modo geral, as receitas do grupo italiano durante o segundo trimestre foram fortemente abaladas pela crise da covid-19 e recuaram 16,1%, para 3,795 bilhões de euros. A contribuição da operação brasileira no faturamento recuou 32% por conta da variação cambial no período que afetou os números em 230 milhões de euros. Organicamente, a queda na receita da TIM brasileira foi menor que a da matriz, ou 6,5%.
Já o Ebitda da Telecom Italia caiu 32%, para 1,663 bilhão de euros, enquanto o lucro líquido atribuído ao controlador no segundo trimestre recuou 69,4%, para 118 milhões de euros. Em seis meses, há alta de 23% neste indicador, para 678 milhões de euros.