A adoção e planejamento de redes privativas no Brasil – sobretudo em 4G, mas com papel cada vez maior do 5G – tem colocado o País em um lugar de destaque no cenário internacional, avaliam empresas e especialistas da cadeia de telecomunicações.
Nesta quarta-feira, 4, o tema foi debatido durante a Futurecom 2023, realizada em São Paulo. No evento, a consultoria Omdia apresentou estudo colocando o Brasil como oitavo mercado do mundo em quantidade de redes privativas anunciadas, com destaque para os segmentos de energia, manufatura e agricultura.
Analista principal da Omdia, Ari Lopes observa que a maior parte dos projetos são testes e projetos especiais, que devem alimentar lançamentos comerciais em um futuro próximo. Já a Vivo, em participação na Futurecom, avaliou o Brasil como um dos três principais mercados de redes privativas do mundo, dada a complexidade de projetos já implementados.
Entre eles, dois onde a operadora atua, ao lado de Vale e Petrobras. "São as duas maiores redes privativas do Brasil e quiçá do mundo", afirmou o diretor de operação da Telefónica Tech, Diego Aguiar. O braço da Vivo para o segmento destacou a ampliação recente do acordo com a mineradora (incluindo cobertura em 1 mil km de ferrovias), além da abrangência do acordo com a petroleira, cuja migração para 5G já foi anunciada.
Tecnologias
De uma forma geral, iniciar as redes privativas com 4G faz mais sentido para grandes operações com volume significativo de equipamentos legados, afirma Aguiar. A indústria, contudo, projeta migração contínua para a quinta geração.
"O 4G ainda é dominante hoje, mas o 5G vai ser dominante daqui algum tempo", afirmou Marcio Veronesi, da Nokia. Essa é a mesma visão da Embratel, que vê possibilidades como o fatiamento de rede (network slicing) justificando a migração, segundo seu diretor de marketing B2B, Alexandre Gomes. Uma das apostas da empresa do grupo Claro é atuar como integradora em projetos de redes privativas.
Vale apontar que tele também tem participado de implementações relevantes, como projeto no ramo da siderurgia ao lado da Gerdau em Ouro Branco (MG); iniciativa com a fabricante de equipamentos WEG em Jaraguá do Sul (SC); e projetos para o agro como o Sol Internet of People, que ativa rede privativa em 4G para produtores rurais no Centro-Oeste.
Para o presidente da NEC, José Renato Gonçalves, o agro deve ser uma das grandes fronteiras para o segmento no Brasil, dada a relevância econômica da vertical. O executivo também projetou benefícios de escala para o País, na medida em que a adoção das redes privativas se popularizar. Para Ari Lopes, da Omdia, o desafio das operadoras no segmento é justamente criar produtos escaláveis e capazes de atingir a parcela intermediária de negócios do País.