Fragmentação na banda larga via fibra exige padronização, apontam Huawei e Softex

Foto: Tobias Brixen/Flickr

O estudo realizado pela Huawei, Softex e Teleco sobre as redes fixas de quinta geração (o chamado F5G) no Brasil apontou uma preocupação clara com a fragmentação da banda larga no País. A saída seriam medidas de padronização para o lançamento da fibra óptica.

Essa foi a linha mestra de relatório apresentado a autoridades brasileiras durante o MWC 2023. O documento trouxe propostas em cinco eixos: além de novas políticas para financiamento e de recursos de medição de qualidade, também foram sugeridos um balcão único para licenciamento de redes de fibra, incentivos ao compartilhamento de infraestrutura urbana (como dutos) e padrões para a pré-implantação da fibra no Brasil.

O diagnóstico é que hoje haveria pouco entendimento e consenso sobre o estado de desenvolvimento das redes de banda larga fixa – resultando em tecnologias "um tanto desunificadas [sic], com vários sistemas importantes sendo atrasados devido a movimentos conflitantes da indústria". O cenário seria global, mas no Brasil, o grande universo de provedores regionais seria camada extra de desafio.

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"Embora os ISPs tenham contribuído muito para conectar o povo brasileiro, uma concorrência melhor regulada e com mais transparência beneficiaria a construção de uma rede F5G robusta para o Brasil. Até o momento, não há registro detalhado de prestadores de serviço de menor porte", apontou o estudo assinado pela Huawei, Softex e Teleco.

"Todos os ISPs não são observados em termos de qualidade de rede, satisfação do serviço e preços. Não há registro tecnológico em termos de largura de banda, velocidade de downlink e uplink, latência, taxa de perda de pacotes e taxa de jitter, que são calibres fundamentais para medir uma rede de banda larga fixa. A tecnologia e o material usados como meio de transmissão também são fatores-chave ausentes", prosseguiu o relatório – sugerindo ação pública para resolução do problema.

Propostas

No caso da entidade responsável por uma autorização única para a implantação de banda larga, as próprias autoras do estudo reconhecem a complexidade da proposta. Para o ponto unificado de contato sair do papel seria necessária cooperação e entendimento comum entre os segmentos privado e público de diversos níveis, além de uma plataforma sofisticada de governança eletrônica, segundo o relatório.

No que tange o compartilhamento de infraestrutura, o estudo vislumbra melhor acesso a ativos públicos e de outros setores da economia, como os dutos. Isso passaria pela regulamentação das tarifas de aluguel, hoje consideradas proibitivas na comparação com postes, bem como incentivos para a construção conjunta de redes de telecom e outros empreendimentos.

"Na República Popular da China, ficou provado que a construção simultânea de infraestrutura de telecomunicações junto com outra infraestrutura pode reduzir os custos de construção [da rede] em 30%", apontou o relatório.

Padrões para pré-implementação da fibra também seriam parte importante deste esforço. Uma das sugestões da Huawei e Softex foi que em toda solicitação de construção de um novo edifício, por exemplo, a apresentação prévia de projeto para instalação da fibra seja requisito.

Um outro elemento considerado crucial seriam investimentos em plataformas de medição na banda larga – não apenas da qualidade de serviços, mas também da expansão da cobertura. Além de benefícios técnicos, o caminho implicaria em vantagens para o consumidor.

Financimento

Como já apontado por TELETIME, o financiamento foi outro ponto bastante destacado. Huawei e Softex sugerem a "institucionalização" dos aportes públicos no setor, enxergando o recente desbloqueio do Fust para investimentos em banda larga como sinal de uma nova dinâmica saudável.

Além de subsídios, o estudo ainda aponta como demais caminhos a isenção de impostos (como os de importação sobre máquinas, materiais e serviços de banda larga) e mecanismos que aumentem a disponibilidade de instrumentos financeiros como a captação de dívida por operadoras.

Tais passos são considerados necessários para o atingimento de metas estratégicas para a banda larga brasileira – como velocidade média de 1 Gbps no serviço fixo e backhaul de fibra óptica em 100% dos municípios até 2027.

As pretensões são convergentes com o F5G – ou as redes fixas que, a exemplo da tecnologia móvel, chegaram em uma quinta geração para suporte de maiores larguras de banda e aplicações inovadoras. Promovido há algum tempo pela Huawei e outros atores da cadeia, o F5G reuniria velocidade mínima na casa do gigabit por segundo, além de baixíssima latência e arquitetura totalmente baseada em fibra.

Neste cenário, Huawei e Softex acreditam ser possível atingir a velocidade média de 1 Gbps – começando pelas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Já para aplicações corporativas, uma abordagem de 10 até Gbps é colocada como meta.

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