Em 2022, a Huawei apresentou estabilidade na receita, mas lucro e fluxo de caixa sofreram um grande impacto das medidas restritivas que a fornecedora continua recebendo no mercado internacional. A companhia divulgou nesta sexta-feira, 31, alguns números do relatório anual do consolidado do ano passado, que mostrou uma tendência inversa do apresentado em 2021, quando houve queda na receita, mas aumento no lucro. Agora, a empresa foca na transformação digital, especialmente nas tendências de inteligência e de sustentabilidade, para achar novas formas de crescimento.
Os resultados globais apresentados pela Huawei mostram que a receita atingiu 642,3 bilhões de iuans, equivalente a US$ 92,3 bilhões, um crescimento de 0,9% no comparativo com 2021. As áreas para operadoras, empresas e consumidores registraram receita de 284 bilhões de iuans (US$ 40,8 bilhões), 133,2 bilhões de iuans (US$ 19,1 bilhões) e 214,5 bilhões de iuans (US$ 30,8 bilhões) respectivamente.
Desses três, o que apresentou maior crescimento foi Enterprise, com 30%, enquanto o negócio Carriers aumentou 0,9%. Já o Consumer foi o mais afetado, com recuo de 11,9% no período, apesar de continuar a ser a segunda maior área (atrás dos negócios para operadoras).
A região das Américas cresceu 9,1% em 2022, e acumulou receita de 31,898 bilhões de iuans (US$ 4,62 bilhões). Mas note-se que as receitas no principal mercado, o da China, caíram 2,3% no ano passado, totalizando 403,999 bilhões de iuans (US$ 58,5 bilhões).
Já o lucro caiu 68,7%, ficando em 35,6 bilhões de iuans (US$ 5,1 bilhões). Também apresentou queda de dois dígitos o fluxo de caixa: 70,2%, ficando em 17,8 bilhões de iuans (aproximadamente US$ 2,5 bilhões). "Mas a quantia ainda é suficiente", declarou Michael Chen, diretor de comunicações corporativas da Huawei para a América Latina e Caribe, em coletiva de imprensa para jornalistas da região. O caixa líquido da fornecedora ao final de 2022 era de 176,3 bilhões de iuans, ou US$ 25,3 bilhões.
Novos negócios
Chen também reiterou que a empresa apresenta "uma solvência muito forte e baixo índice de responsabilidade, com caixa suficiente para gerenciar os riscos". Ele destacou por várias verdes que a fornecedora vislumbra novas oportunidades de crescimento "nas tendências de digitalização e indo para os negócios inteligentes e verdes".
Vice-presidente de relações públicas da Huawei para a América Latina e Caribe, Cesar Funes afirmou que a estratégia da empresa para driblar as pressões externas será continuar a investir. Ele contabilizou que a empresa detém um portfólio de 120 mil patentes atualmente. Nas linhas de atuação de cloud e fibra, o executivo lembrou que a empresa segue regulações e padronizações locais, e assegurou que irá "continuar a ser consistente com os requerimentos". Mencionou também produtos novos, como a fibra até o quarto (fiber to the room, que utiliza a "fibra invisível"), tecnologia que está sendo implantada pela Oi no Brasil e que deverá ser expandida, conforme noticiado por TELETIME na Mobile World Congress 2023.
"Em 2022, tivemos um ambiente externo desafiador e fatores não relacionados ao mercado continuaram afetando as operações da Huawei", disse Eric Xu, presidente rotativo da Huawei, na coletiva de imprensa do relatório anual da empresa. "Em meio a essa tempestade, continuamos correndo, fazendo tudo ao nosso alcance para manter a continuidade dos negócios e atender nossos clientes. Também nos esforçamos ao máximo para aumentar a colheita – gerando um fluxo constante de receita para sustentar nossa sobrevivência e estabelecer a base para o desenvolvimento futuro".
No mesmo evento global, a CFO da Huawei, Sabrina Meng, destacou que, "apesar da pressão substancial", os resultados gerais estavam em linha com o previsto. Ela reiterou ainda ter dedicado 161,5 bilhões de iuans para pesquisa e desenvolvimento, equivalente a US$ 23,4 bilhões. O relatório completo pode ser baixado clicando aqui.