Aos poucos, algumas informações adicionais entre a parceria Telefônica TVA vão sendo conhecidas. Este noticiário apurou que:
* Entre os vários acordos firmados com a Telefônica, um realiza uma antiga ambição do grupo Abril: produzir conteúdo. A Abril garantirá à Telefônica o fornecimento de conteúdos para as plataformas de distribuição de vídeo que venham a ser desenvolvidas. Isso inclui não só as outorgas de TV por assinatura, como os futuros serviços de IPTV, DTH entre outros que venham a ser adotados pela Telefônica. Há até um número específico de canais já previsto, mas ainda não divulgado. A idéia é que o grupo Abril complemente, para a Telefônica, aquilo que pode oferecer na área de mídia.
* A TVA continuará na NeoTV, e a tendência é que a Telefônica entre na associação. Para a NeoTV, isso garante a sua existência. Para a Telefônica, será uma forma importante de sinalizar que não existe a intenção de criar desequilíbrios no mercado.
* As licenças de TV por assinatura em UHF do grupo Abril (TVAs), que são canais de UHF que podem transmitir em até 35% de forma aberta, não entraram na negociação. Ou seja, a Abril continua controlando os canais de UHF. Estas licenças estão nas cidades de São Paulo, Rio e Curitiba. São considerados muito importantes para projetos de TV digital móvel, já que por meios das licenças de TVA pode-se oferecer TV por assinatura em uma rede que use o Sistema Brasileiro de TV Digital.
* As negociações com a Telefônica se intensificaram há cerca de dois meses. O plano da TVA de fazer um IPO acelerou o negócio.
* A Telefônica mantém seus projetos de DTH e IPTV. Onde houver rede da TVA, contudo, a prioridade, obviamente, será o uso desta rede, tanto para TV paga quanto para banda larga.
* No longo prazo, há várias formatações possíveis para a parceria. Uma delas é que a Telefônica assuma a integralidade da TVA. Hoje, contudo, isso não é possível, seja pela limitação de capital estrangeiro da Lei do Cabo, seja pela cláusula 14 do contrato de concessão das teles. Para evitar problemas regulatórios, a Telefônica adotou uma estrutura societária diferente em cada operação da TVA. No cabo de São Paulo, por exemplo, a Telefônica não terá sequer mais do que 19,9% das ações ordinárias. No futuro, quando, e se, a lei e os outros instrumentos legais mudarem, essas posições serão revistas, mas um esforço para promover mudanças não será prioridade nesse momento.
* O modelo societário adotado é muito mais semelhante ao que a Embratel adotou quando entrou na Net Serviços do que o da Telemar ao comprar a WayTV.
* TVA e Telefônica já eram parceiras. A Telefônica, inclusive, já geria a rede da TVA, o que facilita uma série de etapas operacionais daqui em diante.
* Havia mais dois candidatos a uma parceria com a TVA. A TVA e a Abril, por sua vez, precisavam fechar essa parceria, principalmente depois da fusão DirecTV/Sky e da entrada da Embratel na Net. Dentro da Abril, considera-se que a Telefônica vai dar gás à concorrência.
* A instalação da rede Wimax sobre a plataforma de MMDS da TVA começa imediatamente. Na sexta, 27, deveria ter sido assinado um acordo entre a TVA e a Samsung para compra de equipamentos para a cidade de Curitiba. Em função do acordo com a Telefônica, esse contrato ficou para ser assinado provavelmente esta semana.
* Os mesmos benefícios institucionais que a TVA pretende levar à NeoTV também procurarão ser levados para a Neotec (associação dos operadores de MMDS) e para a própria ABTA.
* Quando a Anatel aprovar o acordo entre Telefônica e TVA, a Telefônica participará da empresa por meio de direitos previstos em acordo de acionista.
* Hoje a TVA tem cerca de 320 mil assinantes, sendo 205 mil na cidade de São Paulo. Em São Paulo, o serviço de MMDS é 100% digital, e o cabo é 35% digital. O EBITDA anual da TVA está em R$ 114 mil.
* O valor de avaliação da TVA foi, de fato, próximo a R$ 1 bilhão, como informou este noticiário. Talvez um pouco mais.