Dantas depõe e se diz vítima da imprensa

Ao banqueiro Daniel Dantas não bastou se dizer inocente; ele se declarou vítima do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e da imprensa. Em seu depoimento de cerca de quatro horas e meia à Justiça Federal no caso que apura a contratação da empresa Kroll para espionar seus concorrentes e desafetos além de membros do governo, ele seguiu o roteiro da negativa.
Dantas, tal como Carla Cico, respondeu apenas aos questionamentos do juiz Silvio da Rocha, ignorando a acusação e a procuradora da República, Anamara Osório Silva de Sordi.
O banqueiro negou ter contratado a Kroll; afirmou que a contratação foi realizada pela Brasil Telecom, de forma lícita, para apurar o prejuízo causado pela Telecom Italia na operação de compra da CRT.

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Personagem principal em uma série de escândalos de dossiês, escutas, relatórios e grampos divulgados pela imprensa, Dantas afirmou ao juiz ser vítima de todo um esquema para prejudicá-lo.
?Esse processo é absurdo e a repercussão na imprensa é para me prejudicar?, disse, de acordo com informação da procuradora Anamara. O banqueiro, entretanto, não informou quais seriam as pessoas interessadas em prejudicá-lo, nem tampouco quais seriam as razões de tal perseguição contra ele.
Para a assistente de acusação, Maria Elizabeth Queijo, a postura do banqueiro já era esperada. ?Da defesa não se espera outra coisa senão negativas.? Mas ela destaca o fato de Dantas, ao responder sobre determinadas pessoas, demonstrar grande interesse. ?De nosso modo de ver ele demonstra grande interesse em investigar pessoas?, disse.
Dantas negou ainda ter tido qualquer contato com o israelense Avner Shemesh. De acordo com a denúncia, mesmo depois de ter sido descoberto o esquema com a Kroll, Dantas contratou Shemesh para continuar a espionagem a empresários e jornalistas. Em seu depoimento, o israelense também negou as acusações.
Mas os documentos apreendidos em seu escritório o contradizem. Diante disso, no entanto, o israelense afirmou que a papelada teria sido enviada a ele por uma pessoa que não se identificou. Dantas afirmou nunca ter recebido qualquer relatório de Shemesh.
Depois do depoimento, Dantas deixou o tribunal pela porta dos fundos ? privilégio nunca concedido, por exemplo, ao ex-prefeito Paulo Maluf, quando depôs ali. Dantas solicitou a manobra para fugir dos jornalistas e foi atendido pelo juiz Helio Egydio de Matos Nogueira.

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