A Anatel publicou nesta segunda-feira, 29, uma atualização do Plano Estrutural de Redes de Telecomunicações (Pert). A nova versão do plano traz um balanço da atual situação da infraestrutura no Brasil.
Impulsionada pelos provedores regionais, a fibra óptica cresceu. O Pert mostra que hoje a tecnologia representa 70% dos acessos totais, com impacto positivo na média nacional de velocidade contratada, que alcançou, em 2022, 302,3 Mbps. Os acessos de banda larga fixa com mais de 34 Mbps de velocidade já somam mais de 85% dos acessos totais.
Por outro lado, o documento também mostra algumas lacunas que devem ser preenchidas. Segundo o Pert 2023, apesar da grande penetração do serviço móvel em toda a sociedade brasileira, permanece a desigualdade de acesso, principalmente nos estados das regiões Norte e Nordeste do país.
Além disso, a velocidade média da banda larga ainda é desigual entre os estados brasileiros e está bastante relacionada com a existência de infraestrutura robusta que a suporte. A disponibilidade de banda larga fixa em alta velocidade é muito superior nos municípios que são atendidos por backhaul com tecnologia de fibra ótica.
Rede de Transporte
Sobre as redes de transporte, o diagnóstico mostra que, em relação à infraestrutura de telecomunicações, a rede de backhaul/backbone mostrou uma evolução importante: se em 2015, 48,2% dos municípios tinham backhaul em fibra, hoje esse percentual é de 76,5%, chegando a 4.261 municípios brasileiros. O Pert 2023 mostra que a atual rede de backhaul de fibra ótica conecta municípios que representam 93,9% da população brasileira. Houve uma queda recente nos municípios atendidos por fibra que merece um diagnóstico mais aprofundado, diz o relatório. A questão foi noticiada pelo TELETIME em abril.
Existem ainda no Brasil 1.309 municípios sem backhaul de fibra ótica, sendo a maioria deles nas Regiões Norte e Nordeste do país, além dos municípios na região norte do estado de Minas Gerais. A análise que o Pert faz é a de que a existência de fibra ótica no backhaul tem dois efeitos positivos sobre a prestação do serviço nos municípios contemplados: aumento da velocidade média da internet e aumento da densidade de acessos.
Segundo o novo Plano, as seguidas quedas entre os serviços de telecomunicações de uso residencial, como TV por assinatura e telefonia fixa, não afetaram o crescimento do serviço de banda larga fixa (SCM), que apresenta evolução constante ao longo dos anos, alcançando 21,2% de penetração, em linha com a média mundial, mas ainda distante dos países desenvolvidos.
Rede móvel
Uma das análises trazidas no Plano é a de que a quantidade de acessos móveis no Brasil está estável há cinco anos, com tendência de estabilização em torno dos 100% de penetração, acompanhando a média mundial. Assim, aponta que o mercado móvel apresenta um amadurecimento das ofertas, com ampliação do serviço pós-pago, que ultrapassou o serviço pré-pago, com 80% dos terminais com acesso à banda larga de 4G e 5G. Vale lembrar que a Anatel considera como pós-pago os planos tipo controle, também chamados de híbridos.
A cobertura da rede móvel está concentrada em três grandes grupos de telecomunicações, Claro, TIM e Vivo, e atinge 100% das sedes dos municípios brasileiros. Isso aponta para a necessidade de mais agentes de mercado neste setor para gerar maior competição, segundo o relatório.
A tecnologia 4G está presente em 5.476 municípios (98,31% do total), e essa cobertura significa o alcance 99,65% da população brasileira. A cobertura móvel, para além da cobertura da área urbana das sedes dos municípios, existe em 15.960 localidades que não são sedes de municípios. O levantamento aponta a existência de serviço móvel 4G ou superior em 8.567 localidades e que o Brasil possui 121.240 km de rodovias federais, sendo que a cobertura móvel 4G alcança 51,8% do total dessas rodovias. Já há cobertura 5G em 1.912 km das rodovias.
Mesmo nesse ponto, a cobertura móvel em rodovias federais ainda é bastante desigual entre as regiões do país. Estados como o Amazonas (4,2%), Roraima (12,2%), Amapá (12,6%) e Acre (18,3%) têm uma cobertura muito mais baixa de 4G nas estradas federais, o que, afirma a Anatel, prejudica o desenvolvimento regional.
Acesse a atualização 2023 do Pert aqui.