Reguladoras devem tomar cuidado com hipercompetição, alerta Ernst & Young

Competição em excesso pode ser tão prejudicial para um mercado quanto a falta dela. No setor de telecomunicações, alguns órgãos reguladores ao redor do mundo continuam tentando incentivar um aumento da competição enquanto as operadoras começam a sofrer concorrência de agentes externos, como fabricantes de handsets e provedores de serviços de internet, alerta Jonathan Dharmapalan, executivo da Ernst & Young responsável por serviços de assessoria para o setor de telecomunicações.
Dharmapalan destaca o caso do mercado indiano, onde há dez operadoras móveis e o preço dos serviços está dramaticamente baixo. "É verdade que essa hipercompetição levou a algumas inovações, como o compartilhamento de infraestrutura. Mas os preços chegaram a um ponto quase insustentável", comenta. Informado sobre a realidade brasileira e questionado se quatro ou cinco competidores seria um número razoável para telefonia celular, Dharmapalan respondeu: "Não sei qual seria o número ideal. Sei que dois é pouco e dez é muito".
A Ernst & Young conduziu um estudo que será divulgado em breve no qual aponta os dez maiores riscos atuais para o setor de telecomunicações. O principal deles é a concorrência externa pela fidelidade dos clientes. Ele lembra que o setor de telecom levou mais de dez anos para construir redes capazes de levar o serviço a mais da metade da população mundial e que agora está prestes a perder o controle sobre seus clientes para fabricantes de handsets e provedores de serviços de internet. "E os primeiros clientes a serem perdidos são justamente aqueles de maior ARPU, por conta do iPhone. No outro extremo, os clientes de baixa renda não são fiéis a uma operadora: vão atrás daquela que tem o menor preço e costumam usar vários SIMcards simultaneamente", diz.

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Outro risco descrito pelo estudo é a contínua queda do ARPU apesar da ampliação da oferta de serviços de valor adicionado das operadoras. Na opinião do executivo, as operadoras deveriam rever seu papel se quiserem evitar se tornarem meros provedores de banda no futuro. "Por muito tempo as teles relegaram a inovação porque estiveram muito ocupadas construindo redes e conquistando assinantes. Está na hora de elas liderarem o processo de inovação em serviços móveis", concluiu.

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