Em mercados desenvolvidos, a difusão dos serviços móveis trouxe como conseqüência a migração gradativa da base de celulares pré-pagos para pós-pagos, como foi observado na Ásia. Mas isso não aconteceu nos países em desenvolvimento. O Brasil, por exemplo, há três anos mantém uma porcentagem quase imutável de 79% de adesão ao pré-pago. ?No pré-pago há uma percepção de maior controle sobre tarifas, além da falta de ofertas diferenciadas de serviços?, diz Renato Trindade Lopes, diretor de tecnologia da TNS InterScience, empresa que realizou a pesquisa GTI Telecoms sobre as tendências do mundo móvel. O estudo indica também que na região da América Latina, apesar do baixo poder aquisitivo, há uma grande oportunidade de crescimento do uso de smartphones e banda larga móvel, além da TV no celular. A GTI Telecoms ouviu 16 mil pessoas de 70 países, incluindo o Brasil, onde foram entrevistados 800 usuários de 16 a 60 anos.
No mundo, os campeões do uso do pré-pago são: Índia com 92%, China com 87% e Rússia com 86%. Os Estados Unidos tem 15% e Japão apenas 3%. Na Ásia, a adoção do pré-pago, que era acima de 70%, caiu para abaixo de 50%. ?Nesses países houve a entrada das redes 3G que expandiram as opções de serviços?, diz Trindade.
Baixo Arpu
Serviços que geralmente as operadoras móveis de quase todo o mundo apostam, como música, localização e carteira eletrônica, geram pouca receita por usuário (Arpu). Mas, a pesquisa indicou que a banda larga móvel não só aumentará a Arpu como também atrairá uma massa de clientes: 44% dos usuários de celular da AL querem contar com a internet no celular.
Segundo Trindade, apesar de haver uma explosão de download de música, em muitos casos a operadora não ganha. Ele cita o exemplo do sideloading, recurso em que o usuário transfere para seu aparelho o arquivo que um amigo baixou de sites que não têm parcerias com as teles, como o iTunes, ou mesmo piratas. Neste caso, o usuário ?pula? a operadora. A saída para as teles seria a criação de portais e conteúdos de fácil uso e que sejam bastante didáticos ao explicar o recurso. ?Quantas pessoas sabem fazer download de música? As operadoras não tornam essa operação simples?, diz Trindade. Uma das conclusões da pesquisa é a importância do treinamento do profissional do ponto de venda para explicar os recursos dos aparelhos e os novos serviços.
A localização (GPS no celular) representa uma grande oportunidade nos próximos 12 meses, mas ainda é incipiente na receita das operadoras latino-americanas. Hoje, conta com apenas 1% de adesão na AL, mas tem previsão de chegar a 29% dos usuários nos próximos 12 meses. A região com maior potencial é a Ásia, onde o serviço deve ter uma taxa de penetração de 44% nos próximos 12 meses. Outro serviço que ainda não pegou é a carteira eletrônica. ?A questão da segurança na transmissão de dados não é transparente para o usuário?, explica Trindade.
A pesquisa indica que mundialmente os serviços que crescerão acima de 100% em 2008 serão as mensagens instantâneas no celular, e-mail e MMS. Por isto, a grande oportunidade para o crescimento dos smartphones. Na AL, o item mensagens instantâneas se sobressai: hoje, apenas 7% usam o recurso no celular, mas 31% dos usuários pretendem usar em 2008, ante 20% globalmente.
Serviços integrados
Sobre a convergência de serviços no celular (música, câmera fotográfica, e-mail), 69% dos usuários da AL querem tudo integrado em um único aparelho, diferenciando-se das outras regiões, onde a tendência é separar esses serviços. Mundialmente, apenas 37% dos usuários são pela união. ?A Ásia já teve uma grande onda de convergência nos aparelhos e agora está separando, porque a demanda dos usuários mudou. Na América Latina estamos entrando na onda de integração agora?, explica Trindade.