As questões envolvendo Citibank, Opportunity e o empresário Luiz Roberto Demarco terão mais uma conseqüência significativa: uma avaliação completa de todos os ativos e empresas controladas pelo fundo CVC Opportunity Equity Partners LP (CVC estrangeiro), como a Brasil Telecom, Telemig Celular, Amazônia Celular e outras. O avaliador, já designado para esta tarefa pela Justiça de Cayman, começa a trabalhar nos próximos dias, e deve ter, em tese, acesso a uma série de informações importantes, principalmente considerando-se que neste momento o Citi tem o direito de remover o grupo de Daniel Dantas e vender sua participação nas empresas privatizadas onde participa por meio do CVC estrangeiro.
A determinação da Justiça de Cayman para que se avalie os ativos do fundo é conseqüência de uma das ações entre Demarco e Dantas. Em 2002, Demarco conseguiu, junto à mais alta esfera da Justiça Britânica (o Privy Council), à qual a Justiça de Cayman está subordinada, o direito, como sócio, de dissolver a empresa que administra o CVC estrangeiro. Esta decisão, na verdade, deu a Demarco uma arma para forçar um acordo com o Opportunity para sua saída da sociedade, obrigando o grupo de Dantas a fazer uma oferta nos termos fixados pela Corte. O processo vem se arrastando desde então. Porém um fato novo veio a se somar ao imbróglio: a intenção do Citibank, ainda não manifestada publicamente, de não renovar o contrato de gestão do grupo de Dantas no CVC Opportunity Equity Partners LP, que vence em meados deste ano. Com isso, o Citi prepararia a venda de sua participação ainda em 2005. Esta intenção ficou evidente no acordo firmado no final do ano passado com o empresário Luiz Roberto Demarco. Demarco aceitou alterar duas liminares que existiam em Cayman e que impediam que o Citibank negociasse suas participações no fundo CVC estrangeiro e (o mais importante) que pudesse afastar o grupo de Dantas da gestão. Agora, as portas estão abertas para que isso aconteça. Os termos do acordo entre Demarco e o Citibank não são conhecidos, e os valores mencionados pela imprensa são contraditórios. Esse acordo somente beneficia Demarco e o Citi, não liberando o Opportunity de pagar o devido ao seu ex-sócio.
Reta final
O fato é que, agora, as disputas envolvendo o Opportunity chegam definitivamente na reta final. Mas muitas coisas ainda devem surgir daqui para frente. Primeiro, com o levantamento de dados sobre as empresas pelo avaliador determinado pela Justiça britânica, será possível, ao Citibank, além do próprio Demarco, conhecer melhor a gestão do Opportunity junto à Brasil Telecom e às demais empresas em que o CVC participa. Além disso, com a decisão de vender sua participação, o Citibank viabiliza o diálogo com os fundos de pensão e, naturalmente, com a Telecom Italia (principal possível compradora da BrT). Por outro lado, ainda não está claro como o Opportunity se posicionará, já que há contratos (que não são públicos) entre o banco e o grupo de Daniel Dantas. O Opportunity, por exemplo, é indiretamente sócio (através de duas pessoas físicas) em dois terços da empresa Timepart, onde o Citibank tem o terço restante por meio da empresa CSH, com sede no Arizona. E a Timepart é ainda hoje a maior acionista com capital votante da Brasil Telecom.