No último dia 17, a Argentina também aderiu à lista de países que liberaram todo o espectro de 6 GHz para o uso não licenciado. Segundo afirmou durante o Encontro Abrint 2023 nesta quinta-feira, 25, o diretor de comissão de legislação e políticas públicas da Câmara Argentina de Internet (Cabase), Esteban Lescano, a medida do Ente Nacional de Telecomunicaciones (Enacon) será benéfica para os provedores de Internet pequenos, servindo eventualmente de familiarização com o mercado de uso licenciado.
Isso porque o executivo entende que a adoção do WiFi 6E por parte dos ISPs argentinos poderá ser uma porta de entrada para uma futura participação no leilão de espectro para o 5G naquele país. Contudo, o diretor da Cabase cobra do governo ajuda na aquisição de equipamentos para os provedores, tanto nos processos de importação quanto no de atualização tecnológica.
Lescano diz que na Argentina, há atualmente 12,5 milhões de acessos de banda larga fixa, o que significa uma taxa de penetração de 89%, sendo que os provedores pequenos correspondem a 39% da base. Desse total geral, metade é ainda feito por cabo HFC, e por isso ele enxerga oportunidades no uso do WiFi 6E. "Os ISPs vem ganhando tração no fornecimento de banda larga fixa, e por isso entendemos que a decisão da Enecom é muito positiva para os provedores fornecerem serviços e aplicações distintas, de alta velocidade e com maior largura de banda."
Assim como no Brasil, também na Argentina houve forte resistência a essa destinação. "A GSMA e as operadoras de telefonia e dados móveis se opuseram publicamente à decisão", conta Lescano. "Na nossa opinião, é uma excelente decisão para os ISPs, pois será uma oportunidade muito positiva para prestar serviços com maior largura de banda e maior cobertura em áreas e projetos específicos que atualmente são carentes em conectividade."
De acordo com o representante da Cabase, existe uma possibilidade de destinação também para uso externo. Há a preocupação de interferência com sistemas de TV e multicanais digitais, além de serviços para veículos, trens e aviões, com exceção das aeronaves a mais de 10 mil pés de altitude. "Mas há a possibilidade de estender para sistemas outdoor e móveis no futuro também", disse.