Oi explica diluição de até 80% da composição acionária atual no novo plano da RJ

Presidente da Oi, Rodrigo Abreu

Na teleconferência de resultados do último trimestre e do consolidado do ano de 2022 da Oi, pouco se falou em balanço financeiro e desempenho. Tanto que boa parte da call realizada nesta terça-feira, 23, foi dedicada a uma espécie de FAQ (perguntas frequentes) sobre o novo plano da recuperação judicial, apresentado na semana passada. O presidente da operadora, Rodrigo Abreu, procurou responder as questões principais de acionistas: o porquê de uma nova RJ, a estratégia com a V.tal e como ficará a situação dos acionistas atuais. 

Neste último caso, a resposta curta é que a conversão de dívidas em capital deverá diluir em até 80% a atual composição acionária. Abreu afirma que o racional por trás disso é fruto de negociação com credores e a necessidade de reduzir a alavancagem da empresa. "A conversão acaba tendo resultado equivalente a um aumento de capital. Hoje a dívida tem valores próximos a R$ 33 bilhões, considerando dívidas gerais e excluindo passivos onerosos", afirmou o executivo. 

O presidente da Oi ressaltou que se essa diluição vai depender da adesão dos credores, mas que é um passo para criar uma estrutura de capital sustentável, com "prazos e custos de dívida compatíveis com a geração de caixa". Outra coisa importante, na visão do executivo, é que o volume dessa dívida "é muito superior ao valor de mercado da companhia hoje", e que a estratégia de manter 20% da composição acionária ainda permitirá a obtenção de resultados futuros, como o direito de preferência em um eventual aumento de capital. "Obviamente vai ter valor elevado, mas caso exista esse interesse, essa possibilidade legal obviamente está mantida."

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Desta forma, os credores passariam a deter até 80% da Oi, com os 20% ficando para os atuais acionistas. Rodrigo Abreu garante que isso entrega uma companhia mais sustentável, com um "grupo de investidores institucionais relevantes". 

V.tal

Já sobre a estratégia com a V.tal, Abreu afirma que a venda da participação na empresa não deveria ser surpresa. "A futura alienação de participação sempre esteve prevista no nosso plano de criação da V.tal", afirma, remetendo ao plano de separação estrutural que resultou na InfraCo. O presidente da Oi explica que a ideia era fazer com que a empresa de rede neutra pudesse crescer e se valorizar, para assim poder vender a participação para ajudar a amortizar a dívida. 

Abreu também explicou porque a Oi não mantém essa participação. "Durante o período inicial de crescimento, a V.tal, em termos de contribuição, não gera resultados de caixa para a companhia porque não gera dividendos. Na prática, a Oi se desfazer da V.tal como parte do plano não a faz abrir mão de receita", coloca. Ou seja: além de ser um investimento para futura venda (e consequente ajuda na liquidação da dívida), a InfraCo ajudou a aliviar a necessidade de Capex, transformando em Opex com o uso da rede resultante.

A venda da participação na V.tal é uma das alienações prioritárias no novo plano junto com a UPI ClientCo, formado pela base da fibra atual.

Nova RJ

Rodrigo Abreu também voltou a justificar a entrada na segunda recuperação judicial. Ele ressaltou que o fim do primeiro processo foi determinado pelo Juízo da 7ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, e não apenas pela vontade da companhia, e que isso foi cumprido. O início da conclusão aconteceu em meados de 2022, e foi fruto do cumprimento de diversas etapas do plano inicial e do respectivo aditamento de 2020, como a venda da Oi Móvel e pagamento de dívidas extraconcursais, incluindo a quitação completa da dívida com o BNDES. Segundo o presidente da operadora, a redução da dívida total da companhia seria muito maior com atualização dos valores originais de 2016. "Chegamos a falar em R$ 90 bilhões", diz. 

Abreu também detalhou que a saída da RJ não significa que os desafios já estariam superados. E além disso, houve uma tempestade perfeita de condições externas à própria Oi, como a deterioração do ambiente macroeconômico nesses seis anos, especialmente na desvalorização do real frente ao dólar. "Tivemos uma volatilidade no câmbio e na taxa de juros. O acréscimo na dívida foi da ordem de R$ 10 bilhões apenas por conta do câmbio, sem contrair um centavo a mais na dívida."

Impactaram também diversas frustrações. A Oi esperava concluir as vendas de ativos ainda em 2021, mas isso só correu na metade do ano passado. Metas de crescimento não foram batidas por conta de um ambiente mais competitivo, segundo Abreu, o que resultou em um avanço com menor velocidade em 2022. "E existia a possibilidade de refinanciamento de parcela significativa da dívida. Mas, em função do fechamento de mercado de crédito, isso teve que ser integralmente quitado com a [venda da] UPI de ativos móveis, e só isso foi uma saída de caixa de mais de R$ 4 bilhões."

Outros revezes foram o não recebimento de R$ 1,5 bilhão com a venda da Oi Móvel por conta da disputa de valor com o trio de compradoras Claro, TIM e Vivo; o atraso na conclusão e as restrições regulatórias da venda das torres da operação fixa para a Highline, que representaram impacto de entrada de caixa de R$ 980 milhões e que, se liberados, só poderão ser utilizados na concessão; e o atraso na transferência de ativos da venda da operação de DTH para a Sky, que impactaram no final de 2022 e início deste ano e que ainda afetará o caixa até 2024. "Por isso, e em função de todos esses fatores adicionais, fez-se necessária a entrada na nova recuperação judicial", concluiu.

3 COMENTÁRIOS

  1. Quero saber qual é a estratégia do Sr. Rodrigo para valorizar as ações que já perderam mais de 20 vezes o seu valor. Se vai diluir 80% ainda mais, é uma aberração que não interessa aos acionistas.

  2. Depois de desvalorização de 95% querem diluir em 80% a migalha dos 5% que sobrou, quem acreditou na empresa, fou roubado, isso é ridículo!

  3. Porque na primeira recuperação judicial Rodrigo Abreu não falou sobre essa possibilidade de diluição dos acionistas em até 80%?? Isso foi omissão, levando os investidores ao erro com um guidance falso divulgado falando abertamente que a empresa estava se recuperando bem.

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