A análise do Laudo Econômico-financeiro elaborado pela consultoria EY como parte da avaliação do Plano de Recuperação Judicial da Oi traz informações bastante relevantes para entender como a Oi está dimensionando seus negócios para o futuro. Alguns aspectos já haviam sido abertos pela operadora, mas há mais detalhes, que inclusive mostram as projeções sobre as receitas decorrentes da venda dos dois negócios que a Oi já pretende segregar em UPIs: a participação na V.tal e a UPI ClientCo, que ficará com os clientes de banda larga da empresa.
No caso da V.tal a Oi projeta vender cerca de 14% de sua participação na empresa (hoje de 34%) até 2026.
A primeira venda da V.tal deve se dar em 2025. Ali, devem ser alienados cerca de 7,3% das ações da V.tal, a um preço de R$ 6,7 bilhões. E em 2026 serão vendidos outros 7,3%, por R$ 7,7 bilhões. Ou seja, a Oi estima receber cerca de R$ 14,4 bilhões por 14,6% de participação na empresa, o que significa uma avaliação, hoje, de cerca de R$ 98,6 bilhões da V.tal em 2025.
Note-se que a análise da EY detalha as projeções de gastos com rede que a Oi tem hoje (os chamados "custos da planta"). O pagamento mensal à V.tal está na casa dos R$ 3,8 bilhões, segundo a análise dos gráficos disponibilizados no Laudo. Mas a partir de 2025 pode-se inferir pelos gráficos que a estimativa é que a Oi gastará cerca de R$ 6 bilhões com a rede da V.tal por ano. A Oi é hoje a principal cliente da V.tal.
ClientCo: R$ 1,8 mil por assinante
Já a análise das projeções para a ClientCo mostram uma expectativa de venda de 40% da UPI por R$ 4,8 bilhões em 2025. Ou seja, a unidade de clientes de fibra valeria R$ 12 bilhões. Considerando que a própria Oi espera ter 6,6 milhões de clientes de fibra em 2025, isso significa que a empresa está avaliando cada assinante seu em R$ 1,8 mil. A receita média por cliente de banda larga projetada pela Oi para 2025 é de R$ 103, segundo a análise dos dados do Laudo da EY.
Os dados da EY também mostram que a Oi espera voltar a distribuir dividendos a partir de 2026. Nas estimativas da empresa analisadas pela EY, ela poderia distribuir entre 2026 e 2033 R$ 5,7 bi em dividendos, mais ou menos R$ 880 milhões por ano.
Dos negócios legados, a Tahto (empresa de call center) mais a Serede (construção de infraestrutura) tem receita projetada a partir de 2025 de aproximadamente R$ 650 milhões ao ano.
E é interessante ver a opção estratégica da Oi de "matar" a sua operação de TV por assinatura em DTH. Hoje, esse business, segundo dados da EU, trazem uma receita próxima de R$ 1 bilhão ao ano, mas o custo é alto, com cerca de R$ 900 milhões. Por essa razão, em 2024 a operação de DTH deve ser completamente descontinuada, restando apenas a prestação de serviços OTT, mas com receita desprezível nas projeções de fluxo analisadas pela EY.