A Oi atualizou as suas projeções de longo prazo, ressalvando possibilidades de mudanças em função das negociações do processo de recuperação e de mudanças no cenário regulatório. Estas novas projeções foram apresentadas aos credores da empresa e agora estão sendo colocados públicos ao mercado no mesmo fato relevante que trouxe a celebração do contrato do Financiamento DIP (clique aqui para ver a apresentação). Deve-se ressaltar que esses números não consideram a venda de eventuais ativos e nem considera o resultado da arbitragem da Oi Móvel.
Em relação às projeções que haviam sido divulgadas em 31 de dezembro, houve uma calibragem para baixo nas previsões de receitas a partir de 2024, chegando-se a 2031 com uma receita líquida anual cerca de R$ 1 bilhão menor.
A Oi também parou de apresentar as dívidas com a Fundação Atlântico e com a Anatel como parte das previsões de amortizações das dívidas não financeiras. Na previsão de dezembro, a Oi pagaria R$ 172 milhões ao ano à Fundação Atlântico até 2028, e A Anatel receberia já em 2023 R$ 344 milhões, valor que aumentaria gradativamente até chegar a R$ 1,6 bilhão em 2031.
Receitas
Para este ano, a Oi estima agora receita líquida de R$ 10,6 bilhões (menos do que os R$ 12,5 bilhões de 2022), EBITDA de R$ 185 milhões (margem de R$ 1,7%), investimentos de R$ 894 milhões (também uma redução significativa em relação ao Capex de 2022). A previsão da Oi é de um fluxo de caixa operacional negativo em 2023 em R$ 709 milhões.
Nas projeções da empresa, as coisas começam a ficar melhor em 2024 com um pequeno crescimento da receita líquida de 3,3%, um EBITDA substancialmente maior, de R$ 863 milhões, e uma redução de investimentos para R$ 794 milhões. Com isso, a empresa passaria a ter um fluxo de caixa operacional positivo em R$ 70 milhões, segundo as projeções. Mas os números só melhoram de maneira mais consistente em 2026.
Para 2026 a receita líquida tem uma previsão de crescimento para R$ 12,9 bilhões, EBITDA de R$ 2,4 bilhões (margem de 18,8%), investimentos de R$ 807 milhões e fluxo de caixa operacional de R$ 1,6 bilhão. É em 2026 que os resultados relacionados à geração de caixa começam a ficar todos no azul, mesmo considerando as necessidades de investimentos da empresa e as dívidas não-financeiras.
R$ 15 bi em 2031
E se dessa vez tudo correr bem como esperado pela Oi, a empresa chega 2031 com previsão de receita de R$ 15,13 bilhões, EBITDA de R$ 4 bilhões (margem de 26,3%), necessidade de investimentos na casa dos R$ 600 milhões ao ano e fluxo de caixa operacional de R$ 3,4 bilhões positivos.
Do ponto de vista operacional, a empresa segue prevendo chegar aos 8 milhões e casas conectadas, mas essa projeção ficou para 2027. Esta projeção chegou a aparecer como meta para 2024 no plano trienal de 2022. Agora, as projeções são de fechar o ano de 2023 com 4,75 milhões de casas conectadas (take-up de 20,4%); 5,68 milhões de casas conectadas em 2024; 7,7 milhões em 2026 (take-up de 24,2%); e 8 milhões de casas em 2031 (take-up de 25%). O indicador de take-up significa o percentual da rede em domicílios cobertos que efetivamente se converte em clientes da operadora.
A receita líquida com fibra este ano está projetada em R$ 5,31 bilhões, indo a R$ 6,67 bilhões em 2024 e R$ 11,7 bilhões em 2031.
Outro negócio importante para o futuro da Oi é a Oi Soluções, de atendimento ao segmento corporativo. Nesse segmento, a previsão da empresa é de uma transformação do negócio, com a diversificação da oferta em serviços de TICs, que devem representar mais da metade da receita da Oi Soluções em 2031, ainda que o crescimento de receitas totais seja modesto.
Em 2023, a previsão da Oi Soluções é de uma receita total de R$ 2,3 bilhões (sendo 30% em TICs); em 2024, a empresa mantém a receita total, mas com crescimento do segmento de TICs a 35%; em 2026 a receita vai a R$ 2,5 bilhões com 47,4% em TICs; e em 2031 a receita chega a R$ 2,82 bilhões, com 55,6% em TICs.
Fim da telefonia fixa e DTH
Nos serviços legados (telefonia fixa e DTH) o que a Oi projeta é o fim das operações gradativamente até 2025. Importante notar que as operações legadas da Oi geram fluxo de caixa operacional negativo em R$ 920 milhões (projeção para 2023).
No segmento de TV por assinatura as receitas em 2023 ainda serão da ordem de R$ 1 bilhão, mas caem a R$ 507 milhões em 2024 e deixam de ser consideradas a partir de 2026. Note-se que a Oi aparentemente já não considera mais a venda da unidade de TV para a Sky, já que mantém os resultados da unidade incorporados até o desligamento dos serviços em 2024.
Até o fim da concessão, em 2025, o segmento de telefonia fixa na rede legada gerará receita declinante. Em 2023 a projeção é de uma receita ainda de R$ 1,4 bilhões (contra R$ 2,4 bilhão em 2022), indo a R$ 886 milhões em 2024 e R$ 522 milhões em 2025.
A Oi projeta alguns ganhos de eficiência com a migração dos serviços de telefonia fixa para o modelo de autorização, projetada para 2024. Com isso, os serviços legados e consideradas ainda as receitas da Serede (empresa de serviços de rede) e da Tahto (call center), podem gerar em 2026 receitas da ordem de R$ 697 milhões, chegando a R$ 617 em 2031.