Oi: renegociação de dívidas é fator chave para curto prazo, analisa a UBS

A saída da recuperação judicial e a estratégia da Oi ainda não foram suficientes para que analistas de mercado tenham se convencido que a empresa está em um caminho tranquilo. Em relatório nesta segunda-feira, 23, os analistas Leonardo Olmos, Andre Salles e Lucas Chaves, da UBS, deixaram a recomendação neutra para as ações da operadora, mas com uma redução do preço-alvo de 78% pelo papel. Para eles, a renegociação da dívida com credores é o fator chave para que a companhia mude o cenário em curto prazo.

O relatório cita a análise anterior, de julho do ano passado, ao considerar que várias das questões em aberto para a Oi não foram concluídas de forma positiva para a empresa. Isso porque a saída da RJ aconteceu ainda com uma dívida bruta de R$ 22 bilhões, com uma alavancagem de 10x a relação dívida líquida/EBITDA e com a disputa judicial de R$ 3,5 bilhões da Oi Móvel com Claro, TIM e Vivo ainda sem resolução.

Os analistas notam que, ainda que as ações da Oi tenham caído 77% nos últimos seis meses, ela está negociando a 15x o valor de empresa/EBITDA, considerado como uma relação "premium" e interpretado como uma visão menos negativa sobre o futuro do fluxo de caixa da empresa. A estimativa é de que a companhia obtenha uma margem de 23% em longo prazo, especialmente por conta da melhoria da receita média por usuário (ARPU) de fibra. 

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Considerando isso e a recente venda de torres para a Highline (por R$ 1,7 bilhão), entretanto, o fluxo de caixa livre só ficaria neutro (breakeven, e sem considerar o caixa não operacional) em 2026. "Esses cálculos sugerem que as negociações com credores a) são um fator chave na tese; e b) serão difíceis, já que inicialmente a proposta tem abatimento de 50% e uma injeção de capital de até US$ 1 bilhão", diz o relatório.

V.tal

Há algumas questões que a UBS nota que podem se tornar novas dores de cabeça para a tele. Um dos motivos para a preocupação é que a V.tal, apesar de estar "em melhor forma", não deverá ser capitalizada em curto prazo. De fato, a análise da empresa é que a recente injeção de R$ 2,5 bilhão do fundo canadense CPPIB reduz a urgência de abertura de capital, além de permitir um crescimento mais flexível, incluindo possíveis aquisições de ativos e redução de pagamentos de investimentos. 

Isso tem impacto na Oi. Segundo a UBS, são dois elementos negativos:

  • Adiar o IPO da V.tal vai também atrasar a possibilidade de monetização da participação da Oi; e
  • Reduzir a participação para menos de 20% na empresa de rede neutra ainda neste ano dificilmente resultaria em aprovação pela Anatel, uma vez que a V.tal possui ativos relacionados à concessão, que se encerra em 2025.

Assim, a estimativa da UBS para a Oi em receita ao final de 2023 é de R$ 10,072 bilhões, subindo anualmente para R$ 11,086 bilhões em 2024; R$ 11,969 bilhões em 2025; e R$ 12,649 bilhões em 2026. Já a dívida líquida aumentaria de R$ 19,996 bilhões neste ano para até R$ 25,604 bilhões em 2025. Vale lembrar que a própria Oi deixará de divulgar os guidances.

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