A renegociação com credores da Oi, apresentada pela empresa no final do ano passado, traz uma proposta para melhorar a sustentabilidade econômica da companhia com a injeção de mais US$ 1 bilhão em dinheiro novo. Essa quantia, que pode ou não ser de credores existentes ou investidores novos, tem como garantia a participação da operadora na V.tal, que pode até ser vendida totalmente, e a conversão em capital de uma nova subsidiária.
Na proposta de reestruturação da dívida, a Oi espera reduzir a alavancagem, "atingindo patamares sustentáveis de médio e longo prazo". Para tanto, espera ter liquidez para atender as necessidades de financiamento de curto prazo, como a "capacidade de oferecer as melhores garantias possíveis para credores que proverem dinheiro novo" e o "tratamento diferenciado para credores que proverem dinheiro novo".
A operadora julga ter capacidade de criar uma estrutura que converta a dívida em equity – no caso, subsidiária de um carve-out da Oi contemplando ativos de fibra da operadora como ClientCo), visando a estrutura de capital. Diz ainda que pode "convencer a Anatel, enquanto credora da companhia, que a reestrutura não impede ou evita o cumprimento das obrigações regulatórias e multas". A ideia é que ela atinja consenso entre um "número relevante de credores".
Opções
O montante em dinheiro novo esperado é de US$ 1 bilhão, o que na cotação desta terça-feira, 3, equivale a R$ 5,45 bilhões, e vale tanto para credores atuais quanto para outros investidores. Os credores que optarem por isso são colocados na opção A, com valor de face de 35% da dívida convertida, e 65% restantes convertidos em equity. A amortização é em julho de 2031. No caso da opção B, 30% da dívida será convertida desta forma, com 70% remanescente convertido em equity e com amortização em julho de 2033.
Como garantia, quem fizer o aporte de dinheiro novo terá o "first lien" – ou seja, prioridade em resgatar o ativo – nas ações na V.tal. Credores provendo dinheiro novo entram no segundo lote (second lien), e os da opção B entram na terceira leve – com a diferença de que os que tiverem juros em reais terão prioridade de "cash sweep" (ou seja, com o excedente de caixa).
Assim, a Oi trabalha com dois cenários com a V.tal: vender participação ou receber dividendos da empresa. No caso da alienação parcial ou total da participação de até 34,1% detida atualmente, a empresa se compromete a destinar 100% dos recursos na amortização do dinheiro novo. Valores residuais seriam utilizados para pagamento de até metade da dívida da opção A, e com 60% valor residual desse pagamento para a opção B2 (em reais).
Já no caso do recebimento de dividendos, a Oi propõe 75% do montante líquido sendo utilizado para amortizar o dinheiro novo. Em caso de valor residual após esse pagamento, a empresa converteria tudo para pagar as opções A e B2.
A conversão em equity de uma nova subsidiária será composta por 65% do valor de face da dívida da opção A e 70% da B. Credores de ambas as opções vão reter participação de 30%, com a Oi permanecendo com os 70% restantes.
A renegociação da dívida com credores é assessorada pela Moelis. A divulgação das informações foi acordada entre as partes, que, segundo a Oi, ainda continuam promovendo conversas, e traz também a previsão de receita, EBITDA e fluxo de caixa da companhia até 2031.