A Cisco deverá anunciar em breve um laboratório de Open RAN no Brasil. Segundo o novo vice-presidente da Cisco para a região, Laércio Albuquerque, em coletiva para a imprensa latino-americana nesta terça-feira, 21, a tecnologia é parte da estratégia da companhia de transformação para uma empresa de "software recorrente" – isto é, com um modelo de negócios de assinatura.
Questionado sobre a ausência de menção da tecnologia de redes abertas em sua apresentação, Laércio Albuquerque fez questão de ressaltar diversas vezes que ela ainda é prioridade. "Se temos em países na Ásia com provas de rede fazendo funcionar, aqui no Brasil, por meio do programa de CDA [programa de aceleração de país], uma das iniciativas é para um laboratório de Open RAN brasileiro", destacou.
O executivo coloca que a arquitetura de rede aberta no 5G estará presente em aplicações outdoor, junto com o WiFi 6E para empresas em indoor. "Países como o Brasil, Peru, Chile e Honduras já dedicaram todo o espectro do 6 GHz. Para a Cisco, isto já está sendo um crescimento enorme pela quantidade de dados", destaca, reforçando a complementaridade das duas tecnologias.
Diretor de políticas públicas e relações governamentais da companhia, Giuseppe Marrara diz que "o Open RAN é prioridade total da Cisco", e lembra que a empresa está no grupo de trabalho da Anatel, na O-RAN Alliance e é criadora do grupo Open RAN Brasil. "Temos grandes iniciativas globais. Dentro do CDA, terá essa iniciativa [no País] que terá investimento significativo no desenvolvimento de equipamentos e laboratório para certificação, uso e integração", coloca.
Receita
Na América Latina, a Cisco atualmente conta com um terço das receitas vindas de "software recorrente", o que significa o modelo de assinatura por plataforma da companhia. Juntando com o faturamento por meio de serviços também baseados em software, a fornecedora chega a metade de toda a receita, seguindo a tendência do desempenho global.
Laércio Albuquerque explica que essa mudança de paradigma é estratégia da empresa para se tornar "uma empresa de software recorrente", e não apenas de hardware. A companhia tem também acordos de assinatura por implantação de suíte de soluções de arquitetura transversal (cross-architecture).
"Esta mudança que a Cisco está colocando, de crescimento de dois dígitos em software recorrente, é o que está sendo reconhecido no mercado. Por isso que as ações sobem", afirmou Albuquerque. Ele destaca ainda que essa transformação provê uma receita garantida para o futuro com um backlog de software.