Foxconn fabricará smartphones BlackBerry para mercados emergentes

Lutando para sobreviver, a canadense BlackBerry fechou uma parceria estratégica de cinco anos com a chinesa Foxconn, conhecida por fabricar dispositivos móveis da Apple. O anúncio foi feito nesta sexta-feira, 20, mesmo dia em que a BlackBerry reportou prejuízo financeiro trimestral de US$ 4,4 bilhões, justamente por conta do desempenho da área de dispositivos, cujas vendas caíram pela metade.

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Dessa forma, a parceria tem como objetivo recuperar a empresa nesse segmento com o desenvolvimento de smartphones de baixo custo para mercados emergentes, com foco inicialmente na Indonésia e mercados de rápida expansão.

Segundo o CEO John Chen, em conferência de divulgação dos resultados financeiros, o primeiro dispositivo desenvolvido em conjunto pela parceria usará o sistema operacional BlackBerry 10 e será lançado entre março e abril de 2014. "Será um dispositivo 3G, muito competitivo, e vamos começar no mercado da Indonésia, mas já temos mais seis ou sete mercados que avaliamos que há demanda", diz, confessando que já está testando um protótipo.

A parceria não foi mérito total do executivo. Chen explica que viu a oportunidade de aproveitar a experiência e a economia de escala da Foxconn, mas que as discussões entre as empresas já estavam acontecendo "há algum tempo", antes de ele assumir como CEO no lugar de Thorsten Heins, há pouco mais de um mês. "O que é bom para a BlackBerry é que nós deixamos (o trabalho de design e manufatura) para alguém que tem experiência, com a habilidade de desenhar", explica.

Com a produção a cargo da Foxconn, a BlackBerry se concentrará na marca e no desenvolvimento de softwares, segurança e gerenciamento de mobilidade empresarial, de maneira semelhante ao modelo de negócios da Apple com a fabricante chinesa. Os smartphones serão fabricados nas instalações da Foxconn na Indonésia e no México, e serão certificados pela canadense.

Foco corporativo

Na prática, a BlackBerry está terceirizando o desenvolvimento e a construção de smartphones para reduzir custos e diminuir riscos. Mas não significa que a companhia abandonou de vez a fabricação e o desenvolvimento – os aparelhos high-end com foco corporativo continuarão a cargo da sede em Waterloo, no Canadá. Provavelmente isso está relacionado a um dos maiores clientes da empresa, o governo dos Estados Unidos, que utiliza os softwares e hardwares BlackBerry por questões de segurança. Naturalmente, haver tecnologia chinesa nesse ambiente crítico poderia causar problemas com esses contratos.

O CEO da BlackBerry afirma que não há problema em continuar a desenvolver e fabricar os aparelhos corporativos, mesmo que a margem de receita seja pequena. “Eu ficaria feliz se (a divisão de dispositivos) apenas se pagasse ou ficasse com margem pequena de lucro, (desde que) para podermos monetizar com o software”, afirma. Ele confessa, entretanto, que a terceirização com a Foxconn permite margens maiores, que serão dividas entre as duas empresas, embora a BB fique com a maior parte. “Eles vão ficar responsáveis pelo estoque e fornecer as cadeias de distribuição, então não vamos mais ter esses gastos de custos fixos e estoque”, declara.

Futuramente, de acordo com John Chen, o desenvolvimento de dispositivos voltados ao consumidor final pode voltar a ser feito no Canadá. Entretanto, no momento, a parceira com a Foxconn é a melhor saída. "Mas, em um futuro próximo, até nos recuperarmos financeiramente, é o que vamos fazer", declara.

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