A Desktop encerrou 2023 com resultados que refletiram seu crescimento no acumulado do ano passado. No período, a receita líquida de serviços da provedora teve crescimento de 39% na comparação com 2022, chegando a R$ 986,3 milhões.
No ano, o lucro líquido também apresentou performance sólida, mais que dobrando (alta de 113%) nos 12 meses encerrados em dezembro, para R$ 117 milhões. De acordo com a empresa, contribuíram para a performance o aumento de 26% (+208 mil) em termos de casas conectadas (HCs) na janela encerrada em dezembro de 2023, alcançando o patamar superior a 1 milhão de assinantes no Estado de São Paulo.
O crescimento na quantidade de clientes foi resultado do aumento de penetração da rede existente e do M&A com a Fasternet, fechada em março do ano passado, diz a Desktop.
Neste sentido, foram adicionados 116 mil novos clientes inorgânicos e outros 91 mil clientes orgânicos em 2023. Ao todo, 18 mil assinantes líquidos orgânicos se tornaram clientes no quarto tri, o que representa um volume 24% menor ante o trimestre anterior.
Neste sentido, a provedora também afirma que há incremento das vendas e instalações no primeiro trimestre de 2024, como consequência do amadurecimento do seu novo modelo de vendas, com maior foco em qualidade e superação de desafios "pontuais" de instalação ocorridos no quarto trimestre.
Capex e dívida
Entretanto, analistas questionaram o capex um pouco mais alto do que o esperado na empresa, que ficou em R$ 339 milhões. De acordo com o diretor financeiro, de M&As e de relações com investidores, Bruno Carvalho de Souza, a companhia observou alguns efeitos considerados "pontuais" sobre o indicador no último trimestre de 2023.
"O maior efeito são compras maiores que a gente fez aqui de forma oportunística, que acabam poluindo um pouco o número. Além disso, a gente teve alguns desafios de eficiência na instalação, na parte de mão de obra, dados as chuvas torrenciais que a gente teve aqui na nossa região", afirmou.
Para 2024, a estratégia para o capex terá como foco a penetração de porta e a racionalização dos investimentos em rede, com foco maior em portas de ampliação, que possuem um melhor risco retorno, acrescenta o diretor financeiro.
Outro ponto que é observado é a dívida financeira. Mas em relatório, os analistas do BTG Pactual destacam que a dívida líquida da empresa chegou a R$ 1,31 bilhão em 2023, com uma correlação entre dívida líquida e EBITDA anualizado de 2,4 vezes, em linha com o terceiro trimestre, e menor que os 2,7 vezes do quarto tri de 2022.
Na composição do endividamento, 29% é relativo às fusões e aquisições, 68% à dívida financeira e 3% a arrendamentos. "No 4T23, a Desktop garantiu uma linha de crédito de R$ 50 milhões com o BNDES e emitiu R$ 350 milhões em debêntures, elevando suas reservas de caixa para R$413 milhões no final de 2023. Acreditamos que a empresa poderia utilizar esse caixa para pré-pagar dívidas caras e/ou acelerar sua atividade de M&A", dizem os analistas do BTG.
No caso do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA), indicador que avalia a geração de caixa das companhias, a Desktop fechou 2023 com alta de 52%, para R$ 494,2 milhões, com a margem passando de 46% para 50%.
Canais digitais
No âmbito operacional, o diretor de vendas e marketing da Desktop, André Falcão, ressaltou o avanço dos canais digitais, responsáveis por mais de 50% das vendas da companhia, como uma das alavancas de crescimento que tiveram início no quarto trimestre e que serão intensificadas em 2024.
"Tudo isso aliado ao momento positivo na frente de ativações, a gente já superou os efeitos colaterais do tema climático atípico do quarto trimestre de 2023", afirmou Falcão, em referência às chuvas que atrapalharam as instalações em São Paulo (SP).
Infraestrutura
Em termos de casas passadas (HPs), houve incremento de cerca de 485 mil no ano, alcançando 4,3 milhões em dezembro, alta de 13% sobre os três meses terminados em dezembro de 2022, e de 0,7% sobre o terceiro trimestre de 2023.
Atualmente, a rede tem uma extensão total de 55 mil quilômetros, crescimento de 14% sobre o quarto trimestre de 2022, sendo 45 mil km de redes de acesso (FTTH) e 10 mil km de backbone. Entre outubro e dezembro, foram adicionados 6,7 mil quilômetros. Desses, 6,2 mil correspondem à FTTH e 500 são de backbone.
Quarto tri
No quarto trimestre, a receita líquida apurada pela Desktop teve aumento de 33% em relação à mesma janela de 2022, para R$ 263 milhões. Em relação ao terceiro tri, porém, houve alta de 3%.
Também de outubro a dezembro de 2023, o lucro líquido apresentou variação de 109% sobre a mesma base de comparação com o ano anterior, para R$ 32 milhões. Na comparação com o terceiro tri, a alta foi de 24%.
Aos analistas, o CEO Denio Lindo frisou que o ano passado foi "extremamente" desafiador do ponto de vista macroeconômico, por conta dos juros elevados e perspectivas negativas no início do ano. Por isso, segundo ele, a Desktop passou a ter mais disciplina na alocação de capital e atenção com o controle de custos e despesas.
"Vale destacar que, mesmo com esse foco em eficiência, priorizando ações com impacto em rentabilidade caixa, conseguimos entregar mais um ano de crescimento sólido e consistente, sempre mantendo nossa estratégia híbrida de crescimento orgânico e via aquisições", afirmou o CEO.
Consolidação
Outro ponto mencionado por analistas é o movimento de consolidação da Desktop. "Ao fazer movimentos rápidos e audaciosos para comprar os principais provedores de serviços de Internet em São Paulo, a Desktop se posicionou como a principal força motriz na consolidação do mercado regional de ISP no Estado", diz.
Por isso, os analistas acreditam que há um desconto nas ações, com o preço sobre lucro a 8,5 vezes. Para se ter ideia, a Brisanet é negociada a 9,6 vezes, e a Unifique, a 11,3 vezes. "Com uma avaliação atraente e interessantes oportunidades de criação de valor, reiteramos nossa recomendação de COMPRA e mantemos a Desktop como nossa principal escolha em nosso universo de cobertura de ISPs", diz.
Às 15 horas, a ação da Desktop era negociada a R$ 14,29 na B3 e o valuation estava em R$ 1,65 bilhão. O preço-alvo do BTG para os papéis da empresa é de R$ 20.